Economia

Greve derruba consumo de energia e elétricas fazem planos de contingências

A diferença entre o consumo esperado e o verificado no sábado foi de 3,7 gigawatts, o que representa quase metade da produção de Itaipu em um dia

Energia elétrica: a geração efetiva acabou 6,7% inferior ao programado neste domingo (REUTERS/Paulo Santos/Reuters)

Energia elétrica: a geração efetiva acabou 6,7% inferior ao programado neste domingo (REUTERS/Paulo Santos/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 28 de maio de 2018 às 13h35.

São Paulo - A greve dos caminhoneiros, que gerou desabastecimento em diversas indústrias, impactou também o consumo de eletricidade, que chegou a ficar quase 7 por cento abaixo do previsto inicialmente no final de semana, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

No sábado, o ONS havia programado uma geração de 56,17 gigawatts médios em energia, mas ao final do dia foram necessários apenas 52,5 gigawatts, uma diferença de 6,5 por cento.

No domingo, a geração efetiva acabou 6,7 por cento inferior ao programado.

A diferença entre o consumo esperado e o efetivamente verificado ficou em cerca de 3,7 gigawatts no sábado, o que representa quase metade da produção naquele dia da hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo em geração, disse à Reuters o diretor da comercializadora de energia FDR, Erick Azevedo.

"Isso não é comum. Os desvios entre o programado e o gerado normalmente são da ordem de 100 megawatts, às vezes 200 megawatts, mas na casa dos gigawatts é sem precedentes... então a gente pode atribuir isso à greve, sim", afirmou.

A usina de Itaipu produziu 7,7 gigawatts no sábado.

"O consumo evidentemente diminui... o comércio não está funcionando da mesma forma, a indústria não pode trabalhar porque faltam matérias-primas, insumos, partes intermediárias, logística de transportes", disse o presidente da comercializadora América Energia, Andrew Frank.

Ele apontou que outro eventual impacto da paralisação de caminhoneiros sobre o setor de geração de energia poderia se dar com dificuldades para o abastecimento de termelétricas que operam com combustíveis como óleo diesel.

Na sexta-feira, a Eletrobras informou que seis localidades em Rondônia chegaram a ficar no escuro devido ao final dos estoques de combustíveis em termelétricas, mas a situação já se encontra normalizada, de acordo com a estatal.

"O Ministério Publico Federal e a Polícia Rodoviária viabilizaram, desde sexta-feira, o envio de caminhões tanques com combustível a estas localidades", disse a empresa em nota.

Distribuição e Transmissão

A falta de combustíveis ocasionada pela greve tem impactado na prática também as operações de distribuidoras e transmissoras de energia, que têm limitado a atuação de equipes de fiscalização e manutenção para poupar os tanques para eventuais emergências.

"Nós estamos guardando o combustível que temos para deslocamentos... para deslocamentos de emergência. Até agora não tivemos nenhum problema, mas por questão de precaução estamos fazendo esse controle", disse à Reuters o diretor técnico da transmissora Cteep, Carlos Ribeiro.

A Eletrobras também disse que passou a restringir atendimentos no Alagoas, onde controla a distribuidora de energia Ceal.

"O plano de contingência elaborado pela empresa é para atender serviços considerados essenciais, como hospitais e emergenciais, que colocam em risco a segurança de seus clientes", apontou, em nota.

A Eletropaulo, responsável pela distribuição de energia em São Paulo, também disse que suspendeu serviços de manutenção preventiva e outras atividades para priorizar atendimentos de emergência.

Na sexta-feira, a distribuidora paulista disse ainda que um de seus caminhões teve dois pneus furados em um bloqueio.

Acompanhe tudo sobre:CaminhoneirosEletricidadeGreves

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo