Economia

Gregos mostram resignação com novo ajuste, mas querem esforços iguais

Atenas - O governo da Grécia só conseguirá conservar o apoio da população para enfrentar a crise se esta considerar que os ajustes exigidos pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), para conceder uma ajuda financeira de emergência, representem sacrifícios equitativos, afirmam analistas. O governo do primeiro-ministro socialista Giorgos Papandreou estuda com […]

Manifestante e policial se enfrentam nas ruas: gregos consideram humilhante a presença do FMI (.)

Manifestante e policial se enfrentam nas ruas: gregos consideram humilhante a presença do FMI (.)

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2010 às 13h45.

Atenas - O governo da Grécia só conseguirá conservar o apoio da população para enfrentar a crise se esta considerar que os ajustes exigidos pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), para conceder uma ajuda financeira de emergência, representem sacrifícios equitativos, afirmam analistas.

O governo do primeiro-ministro socialista Giorgos Papandreou estuda com os especialistas da UE e do FMI um plano de economia que deve estar pronto em maio, com a esperança de obter das duas instâncias os recursos necessários para evitar que o país declare a moratória da dívida.

O pacote prometido é de 45 bilhões de euros (60 bilhões de dólares): 30 concedidos pela UE e 15 pelo Fundo.

O governo já adotou medidas que devem permitir a economia de 4,8 bilhões de euros, com o objetivo de reduzir em quatro pontos percentuais o déficit orçamentário, que no fim de 2009 era de 13,6% do Produto Interno Bruto (PIB).

As medidas incluem aumentos do IVA (Imposto sobre o Valor Agregado) e dos impostos sobre bebidas alcoólicas, combustíveis e produtos de luxo, assim como cortes salariais dos funcionários públicos e o congelamiento das aposentadorias.

"Para 60% dos gregos, as medidas são necessárias e inevitáveis, pois está claro que a Grécia está à beira do abismo e que o país vai explodir sem reformas imediatas", afirmou Thomas Gerakis, presidente do instituto de pesquisas Marc.

Papandreou se beneficia ainda da grande rejeição dos gregos a seu antecessor, o conservador Costas Caramanlis, considerado por 70% da opinião pública como o principal responsável da crise.

Mas a população considera humilhante a presença do FMI, acusado pela esquerda de pregar políticas neoliberais que poderiam deixar o país, um dos 16 integrantes da zona euro, de joelhos.

Papandreou reconheceu neste sábado que estar sob a tutela do FMI é desagradável, mas afirmou que os especiacialistas internacionais não deixariam o país "a pedradas", apenas quando a Grécia tiver "recolocado ordem" em sua economia.

A Grécia foi cenário há 12 meses de violentos incidentes, provocados pela morte de um adolescente em uma ação policial. Mas o analista político Giorgos Sefertzis descarta uma nova "explosão social".

"Teremos sem dúvidas manifestações e greves durante os debates sobre a reforma da previdência, mas depois chegará o verão grego e o país deve se flexibilizar", afirmou.

"A hora da verdade chegará no outono (hemisfério norte) e nas eleições municipais de novembro", opinou.

Após o anúncio do pacote de ajuda, alguns simpatizantes de grupos da esquerda radical saíram às ruas de Atenas aos gritos de "FMI, go home".

Os sindicatos nacionais alertaram contra qualquier tentativa de derrubar os direitos sociais, mas os últimos protestos não tiveram muita adesão.

"Os gregos toleram as medidas, desde que todos tenham que fazer esforços", lembra Sefertzis.
 

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