Economia

Grécia vai à reunião do Eurogrupo com acordo inconcluso

As divergências do governo de coalizão sobre os cortes na Previdência impediu o fechamento do acordo

Venizelos expressou sua confiança em que os membros da zona do euro aceitam dar rapidamente o sinal verde à ajuda financeira que precisa a Grécia para evitar a quebra (Louisa Gouliamaki/AFP)

Venizelos expressou sua confiança em que os membros da zona do euro aceitam dar rapidamente o sinal verde à ajuda financeira que precisa a Grécia para evitar a quebra (Louisa Gouliamaki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2012 às 07h49.

Atenas - A Grécia vai nesta quinta-feira à reunião do Eurogrupo em Bruxelas com o compromisso de aceitar as medidas de austeridade exigidas, salvo os cortes na Previdência, rechaçados pelos políticos helenos, após uma noite de árduas negociações entre o Governo e a troika de credores.

A negociação sobre os cortes na Previdência, que provocou confrontos entre as três formações políticas - a social-democrata, conservadora e ultradireitista - que formam o Governo de coalizão liderado pelo ex-banqueiro Lucas Papademos, impediu o fechamento do acordo.

O ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos, advertiu nesta quinta, pouco antes de partir para Bruxelas, onde esta tarde participará de reunião extraordinária do Eurogrupo, que não se pode deixar uma questão aberta por causa do risco de que outras surjam.

Venizelos expressou sua confiança em que os membros da zona do euro aceitam dar rapidamente o sinal verde à ajuda financeira que precisa a Grécia para evitar a quebra.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) acordaram em princípio um segundo resgate gigantesco de 130 bilhões de euros para o país mediterrâneo, mas exigem em troca o compromisso firme do Governo heleno na implementação de um severo pacote de medidas de economia.

Além disso, os sócios da eurozona esperam, para desbloquear o resgate, que Atenas feche o acordo com os credores privados, o que prevê o perdão de ao menos 100 bilhões de euros da dívida grega.

Sem a ajuda internacional, a Grécia entrará em moratória em 20 de março, quando deve enfrentar os vencimentos da dívida de 14,5 bilhões de euros.

Conforme a imprensa grega, diante da impossibilidade dos políticos aprovarem os cortes na Previdência, os representantes da 'troika' - FMI, Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) - optaram nesta madrugada em ceder em sua postura neste tema para, ao menos, apresentar algum tipo de acordo na reunião do Eurogrupo.


A troika decidiu dar prazo de duas semanas ao Governo de Papademos para que busque uma fonte alternativa à Previdência que permita economizar 300 milhões de euros.

Mas se não se alcançar acordo nesse período, o grupo que supervisiona as finanças gregas ordenaria os polêmicos cortes na Previdência.

Como informou o escritório do primeiro-ministro, as partes alcançaram consenso sobre todas as demais medidas negociadas por Papademos e Venizelos com a troika, incluindo questões polêmicas como a redução de salários e a abolição de convênios coletivos.

O salário mínimo será reduzido em 22%, caindo para 585 euros brutos. Para os menores de 25 anos, a redução será ainda maior, de 32%.

Os sindicatos e a patronal se opõem aos novos cortes, já que depois de dois anos de austeridade, cada vez são mais os gregos mergulhados na pobreza.

Eurostat revelou ontem que o número de gregos vivendo abaixo da linha da pobreza relativa superou em 2010 os 3 milhões (27,7% da população) e, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse número deve chegar aos 4,5 milhões neste ano.

Conforme estudo divulgado na terça-feira pelo canal 'Skaï', após dois anos de dolorosas medidas de austeridade e uma progressiva piora da situação econômica do país, 79% dos gregos são contrários ao acordo do Governo com a troika. 

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