Economia

Grécia sela coalizão, mas problemas se avolumam

O novo governo enfrentará pressão imediata para atenuar as medidas de austeridade exigidas pela União Europeia e pelo FMI em troca de um resgate financeiro

"A Grécia tem um governo", disse Evangelos Venizelos, líder do partido socialista Pasok (John Kolesidis/Reuters)

"A Grécia tem um governo", disse Evangelos Venizelos, líder do partido socialista Pasok (John Kolesidis/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2012 às 11h51.

Atenas - Os partidos gregos selaram nesta quarta-feira uma coalizão comandada por conservadores, e prometeram formar imediatamente uma equipe que irá renegociar as duras medidas de austeridade impostas por credores internacionais ao país.

"A Grécia tem um governo", disse Evangelos Venizelos, líder do partido socialista Pasok, após reunião com o chefe do conservador Nova Democracia, Antonis Samaras, vencedor da eleição de domingo.

Samaras foi empossado nesta quarta-feira como novo primeiro-ministro da Grécia, depois de se reunir com o presidente do país, Karolos Papoulias. A ele, Samaras afirmou que tem como formar um governo estável e de longa duração com os partidos de centro-esquerda.

"Nossos esforços renderam uma maioria parlamentar para formar um governo durável", disse Samaras, líder do partido de centro-direita Nova Democracia, após reuniões com seus tradicionais rivais, o partido PASOK e o Esquerda Democrática.

O Pasok vai dar apoio parlamentar ao novo governo, mas não foi divulgado quais dos seus membros estarão no gabinete. Venizelos disse que a distribuição dos cargos será discutida ainda nesta quarta-feira.

Uma fonte de um dos três partidos disse que houve consenso em torno do nome de Vassilis Rapanos, presidente do Banco Nacional, como ministro das Finanças.

O novo governo enfrentará pressão imediata para atenuar as medidas de austeridade exigidas pela União Europeia e pelo FMI em troca de um resgate financeiro de 130 bilhões de euros para o país.

Ao mesmo tempo, Samaras precisará conter as crescentes tensões sociais geradas pela crise, e preservar uma parceria com o arqui-rival Pasok.

A Esquerda Democrática aparentemente também se negou a ocupar cargos ministeriais, o que potencialmente enfraquece sua participação.

"Decidimos dar um voto de confiança ao governo que será formado", disse o chefe do partido, Fotis Kouvelis. "A Esquerda Democrática insiste em políticas para gradualmente nos desligarmos dos termos do resgate que tem sangrado a sociedade." A tendência é que os dois partidos de centro-esquerda prefiram nomear tecnocratas externos.

"Será uma coalizão muito fraca", disse Nikos Konstandaras, editor-gerente do influente diário conservador Kathimerini, citando as várias décadas de inimizade entre o Pasok e o Nova Democracia.


O Nova Democracia venceu a eleição prometendo manter a endividada Grécia na zona do euro, mas fazendo ajustes nos termos do pacote - algo que preocupa especialmente a Alemanha, maior economia da união monetária.

Mas funcionários da União Europeia sinalizam que alguns ajustes são possíveis no programa de austeridade, cuja implantação já sofre um atraso de várias semanas por causa da incerteza política e do agravamento da recessão.

O Nova Democracia venceu por estreita margem o partido esquerdista Syriza, que propunha abandonar o pacote internacional e negociar um novo programa. Com a sociedade grega dividida, a repetição dos violentos protestos antiausteridade do ano passado são uma constante ameaça.

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