Economia

Grécia propõe plano de reformas e bate na porta do BCE

Grécia propôs um plano de reformas e financiamento de quatro anos e se aproximou do Banco Central Europeu para receber ajuda e evitar quebra


	Bandeiras da Grécia: Grécia "não é uma ameaça para a Europa", disse o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras
 (Kostas Tsironis/Bloomberg)

Bandeiras da Grécia: Grécia "não é uma ameaça para a Europa", disse o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras (Kostas Tsironis/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2015 às 17h35.

Bruxelas - A Grécia propôs, nesta quarta-feira, à União Europeia um plano de reformas e financiamento de quatro anos e se aproximou do Banco Central Europeu na tentativa desesperada de receber ajuda da entidade e da zona euro para evitar a quebra do país.

Os novos dirigentes gregos prosseguiram nesta quarta-feira em sua viagem europeia, com parada em Frankfurt, Bruxelas e Paris.

Depois de um encontro em Bruxelas com os presidentes das três instituições da União Europeia, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras viajou a Paris para se reunir com François Hollande.

A Grécia "não é uma ameaça para a Europa", disse Tsipras em Paris ao fim de um encontro com o presidente francês.

"Hoje precisamos de um acordo para a Europa, um acordo para o retorno do crescimento, para o aumento do emprego e para a coesão social", disse Tsipras.

Paralelamente, depois de Roma, o ministro da Economia grego, Yanis Varoufakis, viajou para Frankfurt, onde fica a sede do Banco Central Europeu (BCE) para se reunir com o presidente da entidade, Mario Draghi, antes de um encontro crucial na quinta-feira com o titular da pasta de Economia da Alemanha, Wolfgang Schauble.

Em Bruxelas, segundo uma fonte do governo grego, Tispras propôs ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a elaboração com a UE de um plano de reformas e de financiamento de quatro anos (2015-2018).

O plano inclui um programa "radical" de combate à corrupção e à fraude fiscal, acompanhado por um "reequilíbrio financeiro" da Grécia, que abandonaria a exigência de conseguir um excedente primário de 4,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB).

A mesma fonte em Atenas informou que Tsipras evocou a possibilidade de um "acordo transitório" que dê à Grécia margem financeira para preparar, "de comum acordo" com a UE, esse plano.

A Comissão não fez qualquer comentário. Em Bruxelas, a viagem europeia e as reuniões que se sucedem com os dirigentes gregos começam a causar cansaço.

As negociações "serão difíceis, vão precisar de cooperação, assim como do importante esforço da Grécia", ressaltou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

País quebrado

Em Frankfurt, após uma hora na sede da instituição monetária, Varoufakis se declarou "otimista com o futuro" e disse ter tido uma "discussão frutífera" com o presidente do BCE.

Em uma entrevista com o jornal Die Zeit, Varoufakis, que reconhece ser "ministro da Economia de um Estado em quebra", afirmou que "o BCE tem que apoiar nossos bancos para que a gente consiga respirar".

A instituição é fundamental para impedir que a Grécia quebre. Os bancos do país são os principais clientes da dívida grega. E é essencialmente o BCE, através de dois mecanismos de empréstimos, que lhes injeta liquidez. O Conselho de Governadores (formado pelos presidentes dos bancos centrais dos países da zona do euro) da instituição pode não renovar um dos empréstimos.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que não há "discussão" com Atenas sobre uma renegociação da dívida. Em uma entrevista publicada nesta quarta-feira, Varoufakis disse que havia dado início às negociações com o FMI para substituir seus títulos da dívida existentes por outros mais recentes "a taxas de mercado" e cujo vencimento estaria vinculado ao retorno de um crescimento "sólido" no país.

Atenas pede um financiamento até o dia 1º de junho, data em que espera ter chegado a um acordo com a UE.

Varoufakis prometeu apresentar propostas concretas na reunião de ministros da Economia da zona do euro, que deve ser realizada no dia 11 de fevereiro em Bruxelas, véspera da cúpula de chefes de Estado e de governo comunitários.

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