Yorgos Katrugalos, ministro da Reforma Administrativa da Grécia, disse que o país está disposto a fazer novas concessões (Yves Herman/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2015 às 07h02.
Paris - O ministro da Reforma Administrativa da Grécia, Yorgos Katrugalos, disse nesta sexta-feira que seu governo continua aberto a fazer novas concessões nas negociações com seus credores, mas nem tudo que os mesmos estão pedindo, principalmente em relação à previdência e a novas medidas de austeridade.
"Não podemos aceitar, por exemplo, novos cortes nas pensões" já que muitos aposentados estão abaixo do limite da pobreza, nem "novas medidas de austeridade que vão taxar ainda mais" a economia grega, declarou Katrugalos em uma entrevista à emissora francesa de rádio "RFI".
Sobre a previdência, insistiu que já foram feitas reformas em alguns de seus regimes e outras estão em processo, mas que não querem fazê-las "de forma brutal".
"Há reformas e reformas. Não podemos estar de acordo com uma nova desregulamentação da legislação trabalhista", acrescentou.
O ministro grego se queixou dos comentários feitos ontem pela diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, sobre a necessidade de que os gregos se comportem como adultos na negociação.
"Quando fazem comentários como este, não é o espírito de um diálogo sincero", replicou o ministro, antes de comentar que a própria Lagarde tinha reconhecido que o FMI cometeu "certos erros técnicos com a Grécia", e que sua organização quer impor "projetos neoliberais" a seu país e a outros.
Katrugalos, que disse continuar "otimista" sobre a possibilidade de se chegar a "um compromisso honesto", advertiu que a saída da Grécia da zona do euro "seria um fracasso para o projeto de construção europeia", porque criaria um precedente e a marcha ré não se limitaria a um único país.
"Não é uma questão grega, é uma questão europeia", ressaltou Katrugalos.
Ao ser questionado sobre os maciços saques de dinheiro nos últimos dias, o ministro especificou que a economia grega "sofre esta hemorragia há cinco meses", em alusão ao tempo em que seu governo está no Executivo.
"Não acho que seja tão inocente", comentou, antes de assinalar que, apesar de não poder "dizer que há um projeto contra a Grécia", há "certos meios de comunicação internacionais que parecem que querem criar uma profecia autoprodutora". EFE