Economia

Grécia deve receber primeira parcela de ajuda na segunda

A quantia é superior a 5,9 bilhões de euros segundo o chefe da União Europeia para a 'troika', Matthias Mors

A Comissão Europeia considera que a Grécia poderá cumprir o objetivo de 2012 com o novo pacote de cortes aprovado no começo do ano (equivalentes a 1,5% do PIB) (Louisa Gouliamaki/AFP)

A Comissão Europeia considera que a Grécia poderá cumprir o objetivo de 2012 com o novo pacote de cortes aprovado no começo do ano (equivalentes a 1,5% do PIB) (Louisa Gouliamaki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2012 às 18h10.

Bruxelas - A Grécia receberá na próxima segunda-feira a primeira parcela de ajuda da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI), informou nesta sexta o chefe da União Europeia (UE) para a 'troika', Matthias Mors, informando ainda que a quantia é superior a 5,9 bilhões de euros.

'A decisão sobre a primeira parte da ajuda foi tomada na quarta-feira pelo Grupo de Trabalho do euro. Estive em contato com meus parceiros do FMI nesta manhã, tudo funcionando o dinheiro deve estar disponível na segunda-feira', afirmou Mors em entrevista coletiva na Comissão Europeia.

Depois que o Fundo aprovou na quinta-feira uma contribuição de 28 bilhões de euros durante quatro anos, incluindo os 10 bilhões que restam do primeiro resgate, a contribuição da instituição monetária internacional 'também deve estar disponível na segunda-feira', anunciou Mors.

O valor da primeira parcela 'é suficiente' para cobrir o pagamento da dívida que vence em 20 de março, dos bônus que não foram objeto da troca efetuado pelo Governo grego e o setor privado, além de 'algumas necessidades financeiras adicionais' de Atenas, disse.

Segundo o chefe da Comissão Europeia para a 'troika' - formada por Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu - a instituição dirigida por Christine Lagarde decidiu dividir sua contribuição em valores iguais durante todo o período do programa - até 2014 - o que representa uma quantia de 1,6 bilhão de euros a cada trimestre.

No total, as necessidades financeiras da Grécia até 2014 superam os 178,6 bilhões de euros, incluindo os incentivos para o setor privado para que o país participasse da troca de bônus (29,5 bilhões) e os fundos necessários à recapitalização dos bancos gregos (48,8 bilhões).


Se forem diminuídos dessa quantia os recursos para financiar as privatizações (11,8 bilhões de euros), os 500 milhões necessários para a zona do euro reduzir de maneira retroativa os juros cobrados à Grécia por empréstimos bilaterais desde 2010 e 1,7 bilhão de outro montante, o valor chegará a 164,5 bilhões de euros.

Do primeiro programa, restam 34,5 bilhões de euros (24,4 bilhões da zona do euro), o que leva a nova contribuição da UE e do FMI para o segundo resgate chegar a mais de 130 bilhões.

A UE vai fornecer 144,7 bilhões de euros, enquanto o FMI contribuirá para o segundo programa com 19,8 bilhões e mais 8,2 bilhões em 2015, quando a contribuição da zona do euro se esgotar.

Mors explicou que não haverá um único desembolso para cada trimestre, mas que esse será dividido durante os três meses de cada período para que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, que financia o programa para a UE, arrecade dinheiro no mercado, o que levará a zona do euro a tomar uma só decisão para cobrir os empréstimos de três parcelas.

Quanto à sustentabilidade fiscal, Mors destacou que, após ajustar os objetivos fiscais levando em conta a evolução negativa dos aspectos macroeconômicos da Grécia, Atenas terá que alcançar um déficit primário de 1% do PIB em 2012 e um superávit primário - antes do pagamento dos juros - de 4,5% em 2014.

A Comissão Europeia considera que a Grécia poderá cumprir o objetivo de 2012 com o novo pacote de cortes aprovado no começo do ano (equivalentes a 1,5% do PIB) se for plenamente implementado, mas acredita que haverá um grande rombo fiscal em 2013-2014, de 5,5% do PIB, o que deverá levar Atenas a fazer ajustes adicionais para esse valor nos próximos meses.

Os riscos para a aplicação do programa continuam muito significativos, principalmente em nível nacional, derivados das próximas eleições, além da dúvida sobre o cumprimento do compromisso com o programa de reformas e ajustes firmado com a zona do euro e o FMI por parte dos próximos líderes, e a influência que pode provocar na evolução das economias de seus parceiros, acrescentou.

'Não tenho certeza de que adiar o ajuste ajudaria, porque os gregos sabem que não existe nenhuma alternativa', afirmou Mors.

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