Comissário Europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn: "a participação do setor privado não será solicitada para nenhum outro país da União Europeia" (Vincenzo Pinto/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2012 às 15h32.
Davos - A Grécia e seus credores privados devem chegar a um acordo para evitar um default desse país da Eurozona neste fim de semana, talvez até mesmo nesta sexta-feira, disse em Davos o comissário europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn.
"Estamos muito perto de fechar o acordo", disse Rehn durante o Fórum Econômico Mundial (WEF), que acontece em Davos (Suíça).
"No pior dos cenários, o fecharemos até o final do mês", completou.
O governo grego negocia com os credores privados um perdão de 100 bilhões de euros, de uma dívida que soma 350 bilhões.
Rehn afirmou que a Grécia não gerará perdas a investidores privados, uma vez que os países da Eurozona em dificuldade poderão recorrer ao fundo de resgate criado para enfrentar situações semelhantes.
"Precisamos de uma solução sólida para Grécia, uma vez que se trata de um caso especial", disse o funcionário ante um auditório de dirigentes políticos e empresariais. "A participação do setor privado não será solicitada para nenhum outro país da União Europeia", completou.
No mesmo debate, o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schaeuble, mostrou-se otimista com relação ao caso grego, mas advertiu que o nível de dívida não deve superar os 120% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Atualmente, essa porcentagem é de 160%.
"Não prevemos um default da Grécia", afirmou. "Sei que muitos dos participantes creem (no default grego) há tempos, mas estou convencido de que todos cumprirão com o acordo", completou.
O presidente do maior banco alemão, o Deutsche Bank, Josef Ackermann, também se mostrou confiante com relação à solução para a Grécia e cifrou em quase 70% o nível de perdão pedido aos bancos que possuem dívida grega.
Apesar disso, Ackerman disse ser possível o pacto.
O presidente do Eurogrupo (ministros de Finanças da Eurozona), Jean-Claude Juncker, disse que os Estados credores da Grécia também devem perdoar uma parte das dívidas, em uma entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal austríaco Standard.
Já em Bruxelas, o ministro de Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, reiterou a negativa de seu país em aumentar a ajuda dos credores públicos à Grécia.
Um dia depois de o Fed atrelar à crise da Europa ao recuo da previsão de crescimento dos Estados Unidos, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, disse que os sinais da economia indicam que o pior já passou.
"A Europa está fazendo progressos", afirmou. "Durante dois meses, (os europeus) reformaram suas bases para ganhar credibilidade."
"Temos três governos (italiano, espanhol e grego) fazendo coisas difíceis e o BCE sabe o que tem que fazer", disse Geithner, referindo-se às medidas de austeridade implementadas nos governos europeus.
Geithner disse ainda que seu país está disposto a aumentar os recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) desde que a UE seja "capaz de encontrar a vontade política e chegue a um consenso para construir medidas de proteção mais eficazes".
* Matéria atualizada às 16h35