Economia

Grécia: debate agora é entre Washington e FMI

O fundo e o governo americano se reunirão em março para decidir sobre a contribuição ao programa de resgate grego

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde: o fundo foi, depois da Alemanha, o maior contribuinte do primeiro plano grego em 2010 (Georges Gobet/AFP)

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde: o fundo foi, depois da Alemanha, o maior contribuinte do primeiro plano grego em 2010 (Georges Gobet/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2012 às 11h22.

Washington - Após a conclusão das difíceis negociações europeias sobre o resgate da Grécia, o debate agora é entre Washington e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para decidir sobre a contribuição a esse programa.

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse nesta terça-feira que a instituição irá abordar esse tema "durante a segunda semana de março".

A contribuição deveria ser de no máximo 13 bilhões de euros, segundo o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schaüble, sobre um plano que chega a um total de 130 bilhões de euros de ajuda pública.

O FMI foi, depois da Alemanha, o maior contribuinte do primeiro plano grego em 2010, com 30 bilhões de euros sobre um total de 110 bilhões.

Com 13 bilhões de euros, aos quais se agregariam os quase 10 bilhões que faltam ser desembolsados do primeiro empréstimo, o Fundo desembolsará desta vez provavelmente menos que a Alemanha.

Alguns dos Estados membros do FMI não se mostram muito favoráveis a financiar Atenas após uma série espetacular de problemas: a recessão que se prolonga, a rejeição popular às reformas, as privatizações em ponto morto e as complicações políticas.

Já os Estados Unidos, primeiro país a se expressar publicamente sobre este tema, deu seu apoio à Grécia desde o domingo, antes inclusive do início da reunião de ministros de Finanças da zona do euro.


Segundo o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, Atenas empreendeu um conjunto muito sólido e muito difícil de reformas, que merecem o apoio da comunidade internacional e do FMI.

"Claro que os Estados Unidos apóiam a Grécia. O governo americano vê as coisas em um horizonte de oito meses. Você pensa que eles irão correr o risco de que a Grécia exploda antes da eleição presidencial? Não", explicou à AFP o economista liberal americano Adam Lerrick.

"A pergunta que deve ser feita agora é como um país tão pequeno como a Grécia se transformou em uma ameaça para a economia mundial", disse Lerrick. A resposta dos europeus é que a Grécia é importante para a continuidade da zona do euro, que, por sua vez, é importante para o crescimento econômico mundial.

Os funcionários do Fundo terão que apresentar as bases de um novo programa econômico para a Grécia em um contexto difícil. O FMI é mais impopular do que nunca e o país entrou em campanha eleitoral.

"Os pequenos partidos de extrema esquerda, que se opõem ao plano de ajuda e a uma austeridade severa, tem ganhado apoio da opinião pública e poderão provocar uma surpresa nas eleições legislativas de abril", dizem os analistas da IHS Global Insight.

Contudo, os sócios internacionais da Grécia, com o FMI à frente, estão convencidos de que não há outra opção além da austeridade severa.

"A Grécia irá se enfurecer um pouco mais", disse o prêmio Nobel de economia Paul Krugman, partidário do fim da austeridade e da saída do país da zona do euro.

Acompanhe tudo sobre:Crise gregaCrises em empresasEstados Unidos (EUA)EuropaGréciaPaíses ricosPiigs

Mais de Economia

BNDES firma acordo de R$ 1,2 bilhão com a Agência Francesa para projetos no Brasil

Se Trump deportar 7,5 milhões de pessoas, inflação explode nos EUA, diz Campos Neto

Câmara aprova projeto do governo que busca baratear custo de crédito