Crédito: para analistas do mercado, medidas são limitadas, já que incerteza política reduz eficácia das decisões econômicas (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2016 às 11h21.
Brasília - O governo deu início a uma nova ofensiva para tentar reanimar a economia com o uso de crédito dos bancos públicos.
Na terça-feira, 8, a Caixa anunciou que o limite para financiamento de imóveis usados passará de 50% para 70%, e que vai voltar a dar crédito para quem quiser comprar um segundo imóvel.
Na segunda-feira, 7, o BNDES já havia anunciado a redução das taxas para obras de infraestrutura. Além disso, devem ser aprovadas hoje novas regras para o microcrédito.
O aumento do crédito é há tempos uma demanda do Partido dos Trabalhadores, que acredita ser essa uma forma de criar uma "agenda positiva" e fazer a economia avançar.
No caso do BNDES, segundo o secretário executivo do Ministério da Fazenda, "as medidas se justificam para dar mais dinamismo aos investimentos do País".
Na casa própria, o argumento é o mesmo: a presidente da Caixa, Miriam Belchior, estima que este ano serão financiadas 64 mil unidades habitacionais a mais que no ano passado.
Mas há sérias dúvidas entre os analistas se essas medidas vão realmente surtir algum efeito.
"As medidas são bastante limitadas. A incerteza elevada na economia e na política reduz muito a eficácia de qualquer política pública. Quem vai investir se não sabe para onde vai o câmbio, os juros? Quem vai comprar casa se há maior medo de perder o emprego?", afirma Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.
Mas, a despeito dessas avaliações, as iniciativas devem prosseguir e outras medidas do tipo estão no forno. A negociação com governadores para alongar o prazo de pagamento das dívidas, se concretizada, vai abrir espaço para que eles voltem a tomar empréstimos voltados ao investimento.
Na terça, ao receber integrantes da bancada do PT na Câmara, que pressionaram por medidas para combater o desemprego, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse que enviará um projeto de lei expandindo os gastos públicos em R$ 9 bilhões.
Os recursos serão utilizados para bancar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que já estão em andamento. O dinheiro depende, porém, da aprovação, pelo Congresso, do projeto de lei que autorizará a redução da meta fiscal deste ano.
Diante do acirramento da crise política, Barbosa orientou a equipe a prosseguir com a elaboração de medidas. Mas se depara com duas muralhas.
Na área de estímulo ao crédito, o problema é a falta de confiança. E aquelas que dependem de alteração na lei vão para um Congresso cuja agenda é cada vez mais dominada pelas discussões em torno do impeachment da presidente Dilma.
Na frente legislativa, a Fazenda reconhece que a tramitação das propostas vai ficar mais difícil, e a estratégia é intensificar o diálogo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.