Pedro Parente: o principal alvo da retórica de Trump na região é o México (Sergio Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de novembro de 2016 às 10h50.
Washington - As políticas que serão implementadas pelo governo Donald Trump nos EUA deverão ter impacto indireto sobre o Brasil, na medida em que afetem a economia mundial como um todo, avaliou nesta quarta-feira, 16, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, em Washington.
"Estamos em uma situação diferente da de outros países e vocês sabem de quais estou falando. Entendo por que eles estão preocupados."
O principal alvo da retórica de Trump na região é o México, acusado de roubar empregos dos americanos e estimular a entrada de criminosos nos EUA. O presidente eleito prometeu rever o tratado de livre comércio que une EUA, México e Canadá e construir um muro na fronteira com seu vizinho do sul.
Parente observou que o Brasil não possui tratados do tipo com os EUA. Além disso, o País registra déficit na balança comercial bilateral. O México e a China - outro alvo da retórica de Trump - têm superávit nas transações com os EUA e enfrentam a ameaça de imposição de tarifas sobre a venda de seus produtos no mercado americano.
Economistas brasileiros acreditam que a política fiscal expansionista prometida por Trump deverá levar ao aumento dos juros nos EUA, o que reduzirá a probabilidade de redução da taxa no Brasil, com efeitos negativos sobre o PIB.
A economia global sofrerá os efeitos da incerteza gerada pela vitória de Trump. "Existe alguém aqui nesta sala que sabe a resposta?", perguntou Parente, em palestra no Brazil Institute do Wilson Center, quando questionado sobre o impacto da transição política nos EUA sobre a economia brasileira e a Petrobras.
Ele afirmou não ter como avaliar o efeito sobre o preço do petróleo das promessas de Trump de reduzir as regulações do setor para ampliar a produção - a expansão da oferta pode reduzir a já baixa cotação da commodity.
Segundo Parente, a projeção da Petrobras é que o preço do barril fique entre US$ 45 e US$ 65 nos próximos cinco anos, podendo chegar a US$ 70 no fim desse período. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.