Economia

Governo reduz projeção de abertura de emprego formal em 2012

Se confirmada, será a pior performance desde 2009, quando o país conseguiu criar 995.110 postos, sem ajustes. No ano passado, foram abertas 1,566 milhão vagas formais


	Carteira de Trabalho em uma fila para candidatos de emprego: em setembro passado, haviam sido criados 150.334 novos empregos, sem ajustes, e, em outubro de 2011, foram 126.143 postos
 (Marcello Casal Jr/ABr)

Carteira de Trabalho em uma fila para candidatos de emprego: em setembro passado, haviam sido criados 150.334 novos empregos, sem ajustes, e, em outubro de 2011, foram 126.143 postos (Marcello Casal Jr/ABr)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2012 às 19h11.

Brasília - Com a economia ainda sem mostrar sinais consistentes de recuperação, o governo prevê agora que o Brasil abrirá menos vagas formais neste ano: 1,4 milhão de empregos, ante expectativa anterior de 1,5 milhão.

Se confirmada, será a pior performance desde 2009, quando o país conseguiu criar 995.110 postos, sem ajustes. No ano passado, foram abertas 1,566 milhão vagas formais.

De acordo com o diretor de Departamento de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho, Rodolfo Peres Torelly, a gota d'água foi o resultado de outubro, bastante afetado pelo mau desempenho dos setores de construção civil e de serviços, apesar de a indústria estar dando sinais de recuperação.

"Ficamos surpresos porque esperávamos um resultado melhor", afirmou o técnico da pasta, que projetava abertura líquida de 140 mil vagas no período.


No mês passado, foram criados 66.988 empregos com carteira assinada, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o pior resultado para esses meses desde 2008, auge da crise internacional, quando foram abertos 61.401 empregos formais.

O resultado líquido veio aquém do esperado pelos analistas consultados pela Reuters, cuja mediana previa a abertura de 94 mil novos postos no mês passado. As projeções variam entre 80 mil a 135 mil.

Em setembro passado, haviam sido criados 150.334 novos empregos, sem ajustes, e, em outubro de 2011, foram 126.143 postos.

Torelly explicou que o desempenho ruim do mês passado veio dos setores de serviços e construção civil. A abertura de postos em instituições financeira, em apenas 734, deprimiu todo o setor de serviços, que criou apenas 32.724 vagas, queda de 57,5 por cento sobre outubro de 2011.

Já o de construção civil fechou 8.290 vagas, contra uma abertura de 10.200 postos no mesmo mês do ano passado. Segundo Torelly, isso deveu-se à não renovação de contratos de trabalho em empreiteiras de São Paulo e do Distrito Federal, que preferiram poupar os gastos com mão de obra diante da período mais intenso de chuvas.


Outros setores que registraram fechamento líquido de vagas foram: agricultura (20.153 vagas) e administração pública (3.521 vagas).

No ano até outubro, foram criadas ao todo 1.319.090 vagas no país, sem ajuste, queda de 31,7 por cento sobre o mesmo período de 2011, quando havia sido abertos 1.931.480 postos de trabalho.

Indústria florescendo - Apesar do resultado ruim, Torelly destacou a abertura de vagas no setor da indústria da transformação, com saldo positivo de 17.520 postos no mês passado, crescimento de 236,5 por cento sobre outubro de 2011, quando haviam sido abertas 5.206 vagas.

Por ser um setor com relação direta ao crescimento da atividade econômica e com capacidade de criação de empregos indiretos em outras áreas, o técnico do Ministério comemorou: "Depois que a indústria cresce, tudo floresce", comentou em tom bem humorado.

Os dados do Caged têm mostrado desaceleração nas contratações de trabalhadores em quase todos os meses deste ano em comparação ao ano passado. Mesmo assim, têm sido suficientes para manter a taxa de desemprego baixa e a renda em alta.

Em outubro, a taxa de desemprego caiu para 5,3 por cento ante 5,4 por cento em setembro, atingindo o menor nível para meses de outubro desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também no mês passado, o rendimento médio da população ocupada subiu 0,3 por cento.

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