Laranjas: por causa da supersafra em 2011, safra seguinte foi impactada. Quase 31,7 milhões de pés foram erradicados em SP e 38% dos produtores deixaram a cultura (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2014 às 11h20.
Ribeirão Preto, SP - O governo federal estuda renegociar com os produtores de laranja em torno de R$ 1 bilhão em dívidas de custeio feitas até a safra 2013/2014.
A proposta, negociada entre o Ministério da Agricultura e o da Fazenda, e obtida pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, aponta que o "histórico de desequilíbrio econômico-financeiro vivenciado pelos citricultores" pode trazer problemas de pagamento do passivo total, apesar da baixa inadimplência.
Produtores, no entanto, mostram pessimismo em relação à renegociação. A proposta atinge, principalmente, citricultores paulistas e mineiros, que concentram 80% da produção nacional da fruta, e segue a linha de acordos já feitos para produtores de soja, milho e trigo do Rio Grande do Sul.
Segundo o texto, o citricultor que aderir ao refinanciamento poderá parcelar o pagamento do passivo em dez anos, com uma amortização à vista de 10% do valor total da dívida atualizada. O restante teria um ano de carência e os juros seriam de 5,5% ao ano.
Só no Banco do Brasil, o estoque de dívida de citricultores chega a R$ 554,75 milhões . Segundo cálculos da Câmara Setorial da Citricultura, o valor chegaria a R$ 1 bilhão se considerados R$ 500 milhões de dívidas com a Siscoob Credicitrus, maior cooperativa de crédito agrícola do País, e com outros bancos privados.
Na avaliação do Ministério da Agricultura, a supersafra de 385 milhões de caixas em 2011 impactou negativamente os preços e a comercialização da safra seguinte, "ano da maior crise sentida pela citricultura paulista". Quase 31,7 milhões de pés de laranja foram erradicados só em São Paulo e 38% dos produtores deixaram a cultura.
A proposta de renegociação das dívidas será tema de uma reunião extraordinária da Câmara Setorial da Citricultura no dia 21. "Sabemos que é muito difícil que a Fazenda autorize essa operação", disse o presidente da entidade Marco Antonio Santos.
O diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, disse que apoia "políticas públicas que ajudem o setor nesse momento de crise".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.