José Eduardo Cardozo: "não há nenhuma razão objetiva para que os atuais diretores da Petrobras sejam afastados" (Elza Fiuza/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2014 às 16h54.
Brasília - Após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter sugerido a substituição da diretoria da Petrobras nesta terça-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que o governo confia nos atuais diretores e que a estatal está colaborando com as investigações para apurar denúncias de corrupção.
"O governos tem uma posição muito clara a esse respeito. Em primeiro lugar, nós afirmamos e reafirmamos que não existem quaisquer indícios ou suspeitas que recaiam sobre a pessoa da atual presidente, (Maria das) Graças Foster, e os atuais diretores", disse o ministro a jornalistas.
"É importante também observar que tanto a presidente Graça Foster como os diretores têm colaborado intensamente com as investigações... que não são poucas", acrescentou Cardozo, que convocou a entrevista coletiva para rebater Janot depois de se reunir com a presidente Dilma Rousseff.
A Petrobras está no centro de denúncias de um esquema de corrupção, no qual dinheiro dos contratos da estatal seriam desviados para alimentar o caixa de partidos políticos.
O Ministério Público e a Polícia Federal colhem depoimentos há meses e alguns deles estão sendo feitos por meio de acordo de delação premiada, o que tem impulsionado as investigações e apontado nomes de empreiteiras e políticos que estariam envolvidos. Mais cedo, durante a Conferência Internacional de Combate à Corrupção, em Brasília, Janot defendeu a "eventual substituição" da diretoria, ainda que seus atuais diretores não estejam envolvidos.
"Esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive, sem expiar ou imputar previamente culpa, a eventual substituição de sua diretoria, e trabalho colaborativo com o Ministério Público e demais órgãos de controle", declarou Janot.
Ao falar sobre as denúncias de corrupção que envolvem a Petrobras e diversas empreiteiras, Janot disse que o país "se vê convulsionado por um escândalo que, como um incêndio de largas proporções, consome a Petrobras e produz chagas que corroem a probidade administrativa e as riquezas da nação".
Nova diretoria
Além de defender a manutenção da atual diretoria e ressaltar a colaboração da estatal com as investigações, Cardozo disse que até esta sexta-feira a Petrobras deve escolher um novo diretor de compliance.
"A diretoria avaliará o momento que será divulgado o nome e o tempo de mandato (do novo diretor)", afirmou o ministro.
Ele ressaltou ainda que a Petrobras está atuando na tentativa de recuperar os recursos desviados e instaurou processos administrativos internos para cada denúncia e compartilhado os resultados com o Ministério Público, com a Controladoria-Geral da União e com o Tribunal de Contas da União.
"Por tudo isso, a posição do governo é que não há nenhuma razão objetiva para que os atuais diretores da Petrobras sejam afastados do comando da empresa. (Eles) têm comandado a empresa e visado auxiliar investigações e criar condições que situações não se repitam na empresa", afirmou.