Economia

Governo não tem mais dinheiro e tenta sobreviver a este ano, diz Bolsonaro

Governo fez dois contingenciamentos neste ano para cumprir meta de déficit fiscal

Jair Bolsonaro, com ministro da Economia, Paulo Guedes: "Não é maldade da minha parte. Não tem dinheiro, só isso" (Isac Nóbrega / Presidência da República/Getty Images)

Jair Bolsonaro, com ministro da Economia, Paulo Guedes: "Não é maldade da minha parte. Não tem dinheiro, só isso" (Isac Nóbrega / Presidência da República/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 16 de agosto de 2019 às 15h23.

Última atualização em 16 de agosto de 2019 às 17h32.

Brasília — O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que o governo não tem mais dinheiro e seus ministros estão fazendo "milagres" para tentar sobreviver a este ano.

Bolsonaro foi questionado sobre o corte de 4,5 mil bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por falta de orçamento.

"O Brasil todo está sem dinheiro. Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Os ministros estão apavorados, estamos aqui tentando sobreviver no corrente ano. Não tem dinheiro. Eu sabia disso, estamos fazendo milagre, conversando com a equipe econômica para ver o que a gente pode fazer", disse o presidente. "Não é maldade da minha parte. Não tem dinheiro, só isso."

O presidente disse ainda que os problemas de orçamento do Executivo Federal são graves e que a ausência de recursos terá como um dos impactos a redução da jornada de militares, que trabalhariam durante “meio expediente”.

“O Exército vai entrar em meio expediente. Não tem comida para dar para o recruta. A situação é grave”, disse Bolsonaro.

Perguntado sobre o que se pode fazer para recuperar o Orçamento, Bolsonaro afirmou que o governo está trabalhando com privatizações, está cortando consultorias e "programas absurdos" para tentar economizar.

Desde o início do ano, o governo já bloqueou mais de R$ 30 bilhões. O primeiro contingenciamento foi de R$ 30 bilhões, em março, e afetou principalmente o setor de educação. Em julho, foi mais R$ 1,4 bilhão.

De acordo com o Ministério da Economia, falta dinheiro porque a economia brasileira em ritmo lento tem feito a arrecadação vir abaixo do esperado.

Os contingenciamentos são para cumprir a meta fiscal, que é já de um déficit de R$ 139 bilhões.

Em junho, o setor público consolidado brasileiro registrou um déficit primário de R$ 12,706 bilhões, queda de 5,8% sobre igual mês do ano passado, puxada por melhor desempenho do governo central.

O Brasil não tem superávit primário desde 2013. Durante a campanha presidencial de 2018, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que pretendia zerar os R$ 139 bilhões negativos neste ano, com a venda de empresas estatais.

Para o secretário do Tesouro, só será possível voltar a ter superávit primário em 2023. Em evento da XP Investimentos, em julho, o secretário disse que o Brasil, como sociedade, tomou decisões erradas do ponto de vista fiscal e que, como resultado, a dívida pública, que foi de 51% do PIB em 2013, é de 69% atualmente e deve crescer “um pouco mais”.

“Mesmo com a reforma da Previdência e com o ajuste fiscal, não teremos espaço para investimento público ou para reduzir a carga tributária em três ou quatro anos”, disse.

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)

Acompanhe tudo sobre:Déficit públicoJair BolsonaroPaulo GuedesSuperávit

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto