Economia

Governo lançará pacote de estímulos para autopeças

O objetivo é elevar o conteúdo tecnológico dos componentes e reduzir as importações de partes de veículos

Autopeças: caberá ao BNDES financiar a modernização do setor (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Autopeças: caberá ao BNDES financiar a modernização do setor (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2013 às 09h44.

Brasília - O governo lançará em setembro uma política de estímulo ao setor de autopeças, batizado de Inovar-Autopeças. O objetivo é elevar o conteúdo tecnológico dos componentes e reduzir as importações de partes de veículos. O novo programa exigirá mudanças no regime automotivo (Inovar-Auto), anunciado no ano passado e em vigor desde janeiro, mas que ainda não teve toda a regulamentação concluída.

"O programa tem o objetivo de estimular o setor de autopeças a ter uma produção nacional competitiva", disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. Os detalhes do Inovar-Autopeças estão sendo discutidos pelo governo com o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e com a Anfavea. Moan afirmou que a nova política será um pilar fundamental para o Inovar-Auto. Segundo ele, a base do Inovar-Autopeças está sustentada em cinco diretrizes.

A primeira prevê a criação de um programa de rastreabilidade de componentes para aferir a origem da produção. "Através da rastreabilidade vamos poder identificar quais autopeças são importadas e podem passar a ser produzidas no Brasil", explicou.

Caberá ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiar a modernização do setor e ao Fundo de Financiamento de Estudos e Projetos da Agência Brasileira de Inovação (Finep), dar suporte aos projetos de engenharia.

Rede

Além disso, serão implementados Arranjos Produtivos Locais (APL) para autopeças em oito Estados. A ideia é criar uma rede de fornecimento para montadoras instaladas no local e que servirão como uma espécie de âncora ao APL. E, por fim, haverá a participação do Inmetro no desenvolvimento dessas componentes.


A rastreabilidade das peças é uma das dificuldades enfrentadas para o controle do Inovar-Auto, que estabeleceu redução de até 30 pontos porcentuais para as empresas que cumpram algumas etapas de produção no Brasil e usem peças fabricadas pelo Mercosul. O novo sistema operacional fará o monitoramento e auditoria de aferição da origem de peças e componentes utilizados pela indústria nacional de autopeças.

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) deve ser a gestora do sistema que normatizará as informações das montadoras. Procurada pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a ABDI informou que está voltada para o debate do tema com o setor e que não poderia dar entrevista sobre o assunto.

Importação

Moan disse que a Anfavea e o Sindipeças estão de acordo sobre a necessidade de registro eletrônico das informações. "Até admitimos um período de transição que não tenha base de dados eletrônica, mas não pode ser um período grande." Segundo ele, o sistema deve ser abastecido pelos fornecedores de peças e componentes, que devem informar às montadoras quanto de conteúdo foi importado. O executivo defende que o sistema operacional ocorra por meio da nota fiscal eletrônica.

Segundo o presidente da Anfavea, as empresas também têm dúvidas sobre a base de cálculo que definirá o tamanho do desconto de IPI, de acordo com a quantidade de conteúdo local usado na produção. Desde janeiro, todas as montadoras usufruem do desconto total, mas temem ter de pagar tributos retroativos. "Não sabemos se estamos apropriando a compensação correta. Temos um critério que estamos executando desde janeiro", explicou. Moan disse que o assunto está sendo discutido com o governo.

O setor também espera a publicação de um manual pelo Ministério da Ciência e Tecnologia esclarecendo como as empresas poderão comprovar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em projetos de engenharia, outro requisito para as empresas se habilitarem para usufruir dos benefícios tributários do Inovar-Auto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:AutoindústriaCarrosGoverno DilmaIndústriaIndústrias em geralVeículos

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto