Economia

Governo italiano rejeita apoio para Roma sediar Olimpíadas

Monti declarou que o Executivo não se vê em disposição de assumir a garantia financeira que o Comitê Olímpico Internacional pede aos governos das cidades candidatas

Monti: "Chegamos à conclusão unânime que não seria responsável assumir este compromisso" (Alberto Pizzoli/AFP)

Monti: "Chegamos à conclusão unânime que não seria responsável assumir este compromisso" (Alberto Pizzoli/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2012 às 18h08.

Roma - O governo italiano, dirigido pelo primeiro-ministro Mario Monti, negou nesta terça-feira sua autorização para que Roma apresente sua candidatura para organizar os Jogos Olímpicos de 2020.

Em entrevista coletiva em na capital do país, realizada após uma reunião do Conselho de Ministros, Monti declarou que o Executivo não se vê em disposição de assumir a garantia financeira que o Comitê Olímpico Internacional (COI) pede aos governos das cidades candidatas.

O primeiro ministro detalhou que seu Gabinete analisou o projeto apresentado pelo comitê organizador e fez questão de ressaltar que este merece elogios, mas disse que o Executivo não se vê capaz de assumir um compromisso financeiro que poderia pesar sobre as finanças da Itália.

'O Comitê Olímpico Internacional pede uma carta do chefe de governo na qual ele assuma um compromisso de garantia financeira. O governo deve se comprometer a cobrir qualquer eventual déficit. Nosso governo refletiu sobre este aspecto, e chegamos à conclusão unânime que não seria responsável assumir este compromisso', afirmou Monti.

Após o anúncio do premiê, o presidente do Comitê Olímpico Nacional da Itália (Coni), Gianni Petrucci, lamentou a decisão do governo e declarou: 'hoje, após dois anos, se desfaz um sonho'.

Petrucci se disse chateado porque a decisão do governo foi apresentada apenas um dia depois do fim do prazo para apresentar a documentação necessária para a candidatura.


'Aceito a decisão, mas gostaria que tivesse havido maior respeito, porque nos dizer 'não' no último dia não foi bonito', declarou o presidente do Coni, que acrescentou que o trabalho dos organizadores da candidatura foi 'perfeito'.

'É necessário fazer cortes, mas também investir em sonhos, e Roma-2020 era exatamente isso. Repito que nossa equipe não fez nada que possa ser recriminado, o projeto era perfeito, e isso Monti reconheceu. Infelizmente o governo, neste momento, não considerou apoiar a candidatura', lamenntou.

A decisão do Executivo também dividiu os partidos políticos. Enquanto no Partido Democrata houve demonstração de compreensão, o Povo da Liberdade (PDL), do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, tachou a medida de 'grave erro'.

Nessa linha, o prefeito de Roma, Gianni Alemanno, também se disse chateado com a decisão do governo e considerou que a escolha vai de encontro aos interesses do país.

'Renunciar a uma candidatura vencedora, apoiada por um projeto de grande nível técnico e sobriedade econômica, significa não apostar no futuro da Itália', opinou.

Devido à falta de apoio das instituições, a candidatura de Roma fica fora da lista das cidades que se apresentaram para ser sede dos Jogos de 2020, na qual figuram Madri, Doha, Istambul, Tóquio e Baku.


Monti, um tecnocrata eleito pelo Chefe de Estado para tirar o país da crise, já havia manifestado suas dúvidas se o momento era o adequado para sediar os Jogos Olímpicos.

Roma, assim como o restante das cidades candidatas, tinha até esta quarta-feira para entregar ao COI um relatório detalhado no qual descreviam temas como as sedes, o meio ambiente, a meteorologia, o alojamento, os transportes, os serviços médicos e o exame antidoping, a segurança, a tecnologia e os aspectos legais.

Além disso, é necessário comunicar o financiamento e o apoio público e governamental, que no caso de Roma não aconteceu, mesmo com a mobilização de atletas e celebridades para pedir o sinal verde de Monti.

No plano de austeridade que o premiê está colocando em prática desde que foi eleito, em novembro de 2011, não há espaço para uma despesa de 9,8 bilhões de euros, dos quais 8,4 bilhões sairiam dos cofres públicos, que era o orçamento previsto para a organização do evento. 

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