Economia

Governo garante sucesso de Libra mesmo com poucas empresas

Segundo o governo, as poucas mas grandes petroleiras que pagaram taxa de participação garantem o sucesso do primeiro leilão do pré-sal


	Plataforma de petróleo: ficaram de fora do leilão companhias como a norte-americana Exxon Mobil, a Chevron, a BP e a BG
 (Derick E. Hingle/Bloomberg)

Plataforma de petróleo: ficaram de fora do leilão companhias como a norte-americana Exxon Mobil, a Chevron, a BP e a BG (Derick E. Hingle/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2013 às 09h28.

Rio de Janeiro e Brasília - O sucesso do leilão da reserva de petróleo de Libra está garantido pelas poucas mas grandes petroleiras que pagaram taxa de participação, afirmaram nesta sexta-feira autoridades do governo brasileiro, em opinião compartilhada por alguns especialistas do setor privado.

A primeira rodada do pré-sal deverá render lances elevados mesmo diante do número abaixo do esperado de empresas dispostas a participar, disseram à Reuters a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, e representantes do setor consultados pela Reuters.

A participação de empresas do setor de petróleo que estão entre as maiores do mundo na licitação marcada para outubro indica que o leilão terá sucesso, disse também o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a jornalistas.

"A ausência de algumas grandes petroleiras gerou interpretações equivocadas... O governo está plenamente convencido do sucesso que ocorrerá no leilão", afirmou Lobão.

A conferência de imprensa foi convocada após o anúncio, na véspera, de que 11 empresas pagaram a taxa para participar do leilão, ou cerca de um quarto das companhias esperadas inicialmente para o certame pela diretora-geral da ANP.

Ficaram de fora do leilão companhias como a norte-americana Exxon Mobil, a maior empresa listada do mundo, e outras gigantes do setor, como a Chevron e as britânicas BP e BG , segundo lista anunciada pela ANP, que mostrou predominância de empresas asiáticas, sedentas para assegurar reservas para o futuro.

A lista das 11 empresas que pagaram para participar do leilão de Libra é formada pelas asiáticas Mitsui, ONGC, Petronas, CNOOC e CNPC, além de Ecopetrol, Petrogal (da portuguesa Galp e da chinesa Sinopec), Petrobras , Repsol Sinopec Brasil, Shell e Total .

CONSÓRCIOS Se todas as 11 empresas inscritas participarem de fato do leilão, pelo menos três consórcios serão formados, pois as regras limitam a cinco o número de participantes de cada consórcio concorrente.


Questionada pela Reuters se mais de três consórcios poderiam disputar a área no pré-sal da Bacia de Santos, na licitação marcada para 21 de outubro, a diretora-geral da ANP disse que sim.

"Pelo tamanho delas, acho possível até que possamos ver consórcio de poucas ou de apenas uma empresa neste leilão", afirmou Magda. "Esse sim é o grande segredo do negócio, como serão formados os consórcios", acrescentou, por telefone.

Já o ministro Lobão, que afirmou esperar de dois a três consórcios no leilão, disse que mesmo havendo um único grupo de empresas no certame, haveria leilão no dia 21 de outubro.

OFERTAS ELEVADAS De acordo com Magda, Libra receberá ofertas elevadas apesar da ausência de petroleiras norte-americanas e britânicas na licitação. "O fato de termos sete das 11 empresas do setor de maior valor agregado do mundo nos leva a pensar que haverá disputa... Não posso achar que não será disputado." Segundo a ANP, China National Corporation (CNPC) (2a em valor), Shell (3a), Ecopetrol (6a), Petrobras (7a), Total (8a), China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) (10a), Repsol/Sinopec (Sinopec - 11a) estão entre as 11 empresas do setor com maior valor de mercado do mundo.

"Essas empresas (que pagaram a taxa) são tão grandes, tão capitalizadas... absolutamente capazes de fazer ofertas", insistiu.

ESPECIALISTAS CONFIANTES As declarações de Magda à Reuters foram reiteradas por especialistas do setor. A reserva gigante de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, deverá receber ofertas elevadas apesar da ausência de algumas das maiores petroleiras ocidentais no leilão de outubro, disseram.

Para o consultor e ex-presidente da britânica BG, Luiz Carlos Costamilan, as regras para o certame não trouxeram atratividade para várias empresas ocidentais, mas não inibiram a presença maciça das asiáticas, cuja participação está pautada fortemente na necessidade de assegurar reservas.

"Estas empresas que não pagaram a taxa de participação não iriam mesmo 'biddar' com a força dessas asiáticas, portanto essa ausência não vai fazer muita diferença no resultado do leilão", afirmou.

A atuação de companhias de países como a China, com três representantes no leilão, já era mesmo aposta do setor para o primeiro leilão do pré-sal, considerando que nações com forte crescimento precisam assegurar fornecimento para o futuro.

O consultor sênior para a Statoil, Jorge Carmargo, disse que já era esperado um número bem menor de companhias participantes.

"Não estou surpreso, já esperava por um número reduzido de empresas porque as condições não são ideais. Mas, mesmo assim, a briga vai ser boa, vai ter uma forte disputa aí sustentada pelas asiáticas", disse Camargo à Reuters, por telefone.

REGRAS Pela lei, a Petrobras será a operadora única do consórcio vencedor do leilão, com no mínimo 30 por cento de participação.

Para alguns especialistas, o fato de a legislação da partilha determinar que apenas a Petrobras pode ser operadora inibiu gigantes do setor que costumam ser operadoras.

O governo espera obter recursos bilionários com a reserva de Libra. Além do pagamento de royalties, também conta no longo prazo com a parcela de petróleo destinada à União, o chamado "óleo lucro". No curto prazo, o governo deve arrecadar 15 bilhões de reais com bônus de assinatura do leilão, que deverá ser pago à vista pelo vencedor da licitação.

No início da semana, em audiência no Congresso, Magda afirmou que Libra renderá ao país cerca de 900 bilhões de reais ao longo de 30 anos, considerando royalties e "óleo lucro".

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