Palácio do Planalto: auxiliares de Lula defendem internamente que redução da taxa deve ser de 0,75 ponto percentual (Ricardo Stuckert/PR/Flickr)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 25 de julho de 2023 às 10h38.
Última atualização em 25 de julho de 2023 às 11h14.
Os dados do Boletim Focus do Banco Central (BC) e a deflação de julho de 0,07% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) deram ânimo ao governo para pressionar ainda mais a autoridade monetária pela redução de 0,5 ponto percentual da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 1 e 2 de agosto. A redução das estimativas de inflação do mercado e queda do IPCA-15 já levou parte dos auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a defender internamente um corte de 0,75 ponto percentual para estimular a economia e a concessão de crédito, apurou a EXAME.
Esses auxiliares de Lula acreditam que o primeiro corte em um percentual elevado será uma sinalização positiva e trará estímulo aos empresários para realizarem investimentos, hoje praticamente paralisados diante do tamanho dos juros no país. Para muitos é melhor manter o dinheiro aplicado do que tomar risco. Entendem que a Selic elevada inviabiliza qualquer aporte para ampliação de capacidade e tem estrangulado o caixa das companhias.
"Assim como nos dois primeiros mandatos, Lula está focado em estimular o consumo interno como forma de impulsionar a economia. Recentemente, o governo incentivou a compra de carros novos no limite de até R$ 120 mil, ampliou o teto para compra de imóveis do Minha Casa Minha Vida e agora está com estudos avançados para reduzir o preço do fogão e da geladeira, a chamada linha branca. Mas o ganho de escala dessas medidas depende da queda juros", disse um auxiliar do presidente à EXAME. "Além disso, depois de tanto prorrogar, o governo vai lançar agora em agosto o PAC e incentivar a contratação de mão de obra formal."
A avaliação interna é a de que o governo fez o dever de casa: o Ministério da Fazenda demonstra cuidado com as contas públicas, a ala política está construindo uma base no Congresso com o embarque do Centrão à gestão petista e só faltaria a queda de juros para acelerar a atividade econômica, o que fará a arrecadação de tributos crescer. Na prática, isso dará sustentação ao arcabouço fiscal e ao equilíbrio das contas públicas.
A pressão do presidente Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e dos ministros sobre a diretoria do BC, que hoje tem dois indicados pela gestão petista, deve aumentar ainda mais nesta e na próxima semana.