Economia

Governo poderá comprar mais de 2 mi t de milho e trigo

Ministério da Agricultura quer aproveitar os preços em mínimas de quatro anos para realizar compras diretas junto a produtores


	Plantação de milho em Goiás: compras de milho poderiam chegar a até 1,5 milhão de toneladas
 (Cristiano Mariz/EXAME)

Plantação de milho em Goiás: compras de milho poderiam chegar a até 1,5 milhão de toneladas (Cristiano Mariz/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2014 às 17h49.

São Paulo - O governo federal poderá comprar pouco mais de 2 milhões de toneladas de milho e trigo para recompor seus estoques, com o Ministério da Agricultura aproveitando os preços em mínimas de quatro anos para realizar compras diretas junto a produtores, indicou nesta quinta-feira o ministro Neri Geller.

As compras de milho poderiam chegar a até 1,5 milhão de toneladas, quase dobrando os volumes em estoques públicos da Companhia Nacional de Abastecimento, enquanto as aquisições de trigo poderiam alcançar até 600 mil toneladas.

Tais compras, realizadas com base no preço mínimo de garantia de custos agrícolas, beneficiariam os agricultores que estão se preparando para iniciar o plantio da safra 2014/15.

"Estamos preparados para comprar de 1 a 1,5 milhão de toneladas de milho... E estamos preparados para comprar de 400 a 600 mil t de trigo também", declarou o ministro a jornalistas após encontro com empresários na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Além das compras diretas (Aquisição do Governo Federal - AGF), o governo também está apoiando o escoamento do produto, por meio dos leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor).

O governo federal liberou 250 milhões de reais para a realização de leilões públicos de subvenção aos preços de algodão em pluma, após prometer publicamente 300 milhões, e reduziu em 40 por cento os recursos disponíveis para sustentar o mercado de milho este ano, para 300 milhões de reais.

Questionado sobre a redução, Geller afirmou que essa foi uma decisão do Ministério da Agricultura, considerando uma safra menor de milho em Mato Grosso, o principal Estado produtor do Brasil e também o que recebe maior apoio do governo.

"Eu não estou olhando os recursos, estamos olhando para contemplar a produção. Com 300 milhões, no nosso entendimento, vai contemplar todas as regiões que estão com preços abaixo do milho em Mato Grosso. E se for necessário, vamos realocar (mais recursos)", declarou.

Ele observou que o governo já destinou 240 milhões de reais para os leilões de milho, e que os 60 milhões restantes deverão ser suficientes para apoiar os produtores.

O indicador do milho Esalq/BM&FBovespa, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), está cotado em cerca de 22 reais por saca de 60 kg, menor cotação desde setembro de 2010.

Safra Recorde de Soja

A nova safra de soja do Brasil 2014/15, que está em fase inicial de plantio, tem potencial para atingir um recorde entre 90 milhões e 96 milhões de toneladas, avaliou nesta quinta-feira o ministro da Agricultura, citando clima favorável no Centro-Oeste.

A safra 2013/14 atingiu 86,12 milhões de toneladas, segundo dados oficiais.

"No Centro-Oeste está chovendo muito há 10, 15 dias.... Ontem estive no Mato Grosso do Sul e realmente as chuvas estão muito estabilizadas", disse Geller após participar de um evento com empresários em São Paulo.

"Moro há trinta anos lá (em Mato Grosso) e em poucos foi tão estável (o início das chuvas)." Oficialmente, o plantio de soja nos principais Estados produtores do Brasil é autorizado a partir de 15 de setembro.

Diversas consultorias prevêem uma safra brasileira da oleaginosa acima de 90 milhões de toneladas. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), um órgão do Ministério da Agricultura, ainda não divulgou estimativa oficial para a colheita da nova temporada.

Questionado sobre a queda nos preços, em função da expectativa de safra recorde nos EUA este ano, o ministro manteve o otimismo.

"É um equívoco se assustar em função da super safra norte-americana, nós vamos superar isto, o consumo por alimentos continua crescendo, essa queda num primeiro momento não vai se refletir em um médio e longo prazos, estou muito otimista...", declarou ele, acreditando em uma retomada de preços já no ano que vem.

Ele observou que a alta do dólar também vai ajudar na formação de preços em reais. Além disso, para Geller, os custos de produção não aumentaram. "Então tem tranquilidade para continuar trabalhando com uma margem de lucro razoável."

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