O governo vai estudar duas possibilidades de ajuda aos produtores de leite nacionais credores da italiana Parmalat: por meio de linhas de financiamentos bancários para elevar os estoques da indústria de laticínios e, uma segunda alternativa, pelo aumento das compras dos produtos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Esta foi a conclusão da reunião entre os produtores de leite e o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que aconteceu nesta terça-feira (6/1), em Brasília. Durante as discussões, falou-se ainda sobre uma possibilidade de o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) financiar a ampliação da indústria de leite em pó brasileira. Não podemos pensar só no problema da Parmalat, mas em todo setor leiteiro, disse José Amauri Dimazio, secretário executivo do Ministério da Agricultura. Segundo ele, o principal problema do setor é o excedente de oferta. Em 2001, ele foi de mais de 9%, taxa que deve se repetir em 2003. Isso representa 1,2 bilhão de litros de leite, afirmou Dimazio.

Sobre a dívida da Parmalat com os produtores, o representante da empresa presente na reunião, Afonso Champi, afirmou que ela será quitada no dia 16 de janeiro. Champi disse que o pagamento será do total da dívida, que é de 6 milhões de reais. Ainda de acordo com o executivo, apenas 1,5 milhão de reais, ou 5% do que foi comprado dos produtores brasileiros - já estão vencidos.

Os números da Parmalat, entretanto, foram contestados por Rodolfo Tavares, presidente da Federação de Agricultura do Rio de Janeiro. Ele diz que mais uma parcela (4 milhões de reais) da dívida total com as cooperativas cariocas que seria de 7 milhões de reais venceu ontem (5/1) e não foi paga.

De acordo com números do ministério, 12,6 mil produtores fornecem leite para a companhia italiana (a Associação Brasileira dos Produtores de Leite afirma que são 19 mil). Rodrigues afirmou que dos 22 bilhões de litros de leite produzidos pelo Brasil em 2003, a Parmalat comprou apenas 1 bilhão.

O ministro informou ainda que receberá a diretoria da Parmalat nos próximos dias.

Jorge Rubez, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite, não acredita que os pequenos e médios produtores de leite que fornecem para a Parmalat serão prejudicados com a crise que assola a matriz da empresa na Itália.

Rubez é a favor de que o governo federal conceda um empréstimo para que os produtores estoquem o produto na forma de leite em pó ou de derivados, como queijo.