Economia

Governo espera receber cerca de R$ 80 bi do BNDES para reduzir dívida

Expectativa é encerrar o ano com dívida próxima a 2019

Em outra frente, o governo discute internamente como bancar o Auxílio Brasil com piso de R$ 600 (Andre Borges/Bloomberg/Getty Images)

Em outra frente, o governo discute internamente como bancar o Auxílio Brasil com piso de R$ 600 (Andre Borges/Bloomberg/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 2 de setembro de 2022 às 19h09.

O Governo Federal espera receber nas próximas semanas cerca de R$ 80 bilhões do BNDES, como devolução antecipada de recursos emprestados pelo Tesouro Nacional cedidos ao banco para financiar empréstimos. Com a transferência desses recursos, o BNDES deve zerar a pendência com o Tesouro e reduzir a dívida pública.

A dívida bruta fechou o mês de julho sendo equivalente a 77,6% do PIB. Com a devolução de recursos do BNDES, o crescimento do PIB e o pequeno superávit primário (ou seja, receitas maiores que despesas, sem contar os juros), o governo espera fechar a dívida pública próximo ou abaixo do início da gestão Jair Bolsonaro, quando este indicador estava em 75,4% do PIB.

O governo pretende usar esses dados como trunfo para responder às críticas sobre a gestão fiscal.

Os recursos a serem devolvidos pelo BNDES se referem a empréstimos tomados no passado para viabilizar financiamentos a empresas e conter efeitos da crise global de 2008. O governo federal injetou mais de R$ 400 bilhões no BNDES entre 2008 e 2014. O dinheiro era tomado no mercado, com juro mais alto que o do BNDES. Ou seja, o governo ficou com prejuízo, com impacto na dívida.

Os vencimentos dos empréstimos vão até 2060. Com a crise fiscal e a troca de comando no governo, o banco começou a antecipar os pagamentos ao Tesouro, para reduzir a dívida pública. Desde 2015, foram devolvidos mais de R$ 530 bilhões. Os cerca de R$ 80 bilhões encerram a dívida, no que o governo tem chamado de “despedalada final” — o valor total é maior que o empréstimo por causa dos juros.

A área jurídica do BNDES vinha resistindo a devolver o restante por entender que isso traria prejuízos ao banco. Após um articulação do ministro da Economia, Paulo Guedes, o Tribunal de Contas da União (TCU) enviou ao banco um entendimento de que a não devolução do empréstimo, na verdade, gera prejuízos para a União. Isso foi entendido quase como uma ordem do TCU para devolver o dinheiro.

Em junho, Guedes afirmou que o BNDES “aplicou uma rasteira” no governo ao procurar o TCU argumentando que perderia dinheiro ao fazer a devolução antes do prazo definido por contrato. O dinheiro deveria ter sido devolvido totalmente até o fim do ano passado. Essa declaração foi dada, inclusive, na cerimônia em comemoração aos 70 anos do banco.

Auxílio Brasil

Em outra frente, o governo discute internamente como bancar o Auxílio Brasil com piso de R$ 600 depois que a proposta orçamentária de 2023 foi enviada com a previsão de um benefício médio de R$ 405.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que uma das possibilidades é bancar o benefício com a cobrança de imposto sobre dividendos, hoje isentos. A Câmara já aprovou e o Senado engavetou um projeto que taxa dividendos e reduz o Imposto de Renda das empresas e das pessoas físicas. Esse projeto “se paga”, ou seja, o imposto a mais paga um imposto a menos.

A ideia em discussão agora é aproveitar apenas a parte do dividendo, sem reduzir o IR das empresas, mas podendo também atualizar a tabela do IR da pessoa física. Se essa opção for adotada, representaria um aumento de carga tributária para bancar o benefício. Além disso, está em discussão uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para mudar o teto de gastos e permitir o pagamento do benefício no próximo ano. Hoje, o Auxílio Brasil de R$ 600 não cabe no teto.

De toda forma, esse assunto só irá avançar após as eleições e qualquer decisão vai depender do presidente que for eleito.

LEIA TAMBÉM:

Por que a economia deve crescer mais que o esperado em 2022?

Banco Central: atividade econômica no Sul sobe 2,8% no 2º tri, no Sudeste, cai 0,1%

Acompanhe tudo sobre:BNDESeconomia-brasileiraPaulo GuedesPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor