Uma despesa que o governo esperava reduzir R$ 3 bilhões no início do ano, agora foi elevada em R$ 8,2 bilhões. (Ana Araújo/Veja)
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2011 às 22h22.
São Paulo - O governo elevou em R$ 3,2 bilhões a projeção de gastos com abono salarial e seguro-desemprego neste ano, já indicando uma desaceleração da economia. Esse é o segundo aumento seguido numa despesa que, no começo do ano, era um dos pilares para alcançar o corte orçamentário de R$ 50 bilhões anunciado pelo governo.
Ao mesmo tempo, o governo prevê agora que terá mais despesas totais, que devem ficar acima de 18% do Produto Interno Bruto (PIB) no período.
De acordo com o quinto relatório de avaliação de receitas e despesas do governo, assinado pelo Ministério do Planejamento e pelo Tesouro Nacional e divulgado nesta sexta-feira (18), o gasto com abono e seguro desemprego previsto para 2011 cresceu de R$ 32,09 bilhões para R$ 35,31 bilhões.
Na avaliação anterior, esse mesmo item já havia sido acrescido em R$ 5 bilhões. Ou seja, uma despesa que o governo esperava reduzir R$ 3 bilhões no início do ano, agora foi elevada em R$ 8,2 bilhões.
Esse aumento na previsão de gasto com abono e seguro desemprego ocorre num momento em que o governo admite os efeitos da crise internacional no mercado de trabalho.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta sexta-feira, mostrou que em outubro foram criados 126.143 cargos formais, o pior número para o mês desde 2008. Assim, o próprio Ministério do Trabalho já revisou para baixo sua estimativa de geração de empregos, que passou de 2,7 milhões para algo em torno de 2,4 milhões de postos neste ano.
Pelo documento, o governo justificou a nova estimativa porque ela vem principalmente "maior formalização do emprego e o aumento da rotatividade de mão de obra."
Com a reavaliação, o governo elevou ainda as despesas toatis para R$ 741,5 bilhões neste ano, ou pouco mais de 18% do PIB. No começo do ano, o governo havia projetado que esse percentual ficaria em 17,8%.
Em 2010, quando o governo acelerou os gastos, essa relação acabou ficando em 19,14%.
Para fechar as contas, a arrecadação tem mostrado papel fundamental. No acumulado do ano até outubro, ela ficou 12,23% superior ao mesmo período do ano passado, chegando a R$ 809,395 bilhões.
No documento com as novas projeções do governo, houve também uma elevação da receita primária total, excluindo contribuição para o regime previdenciário, de R$ 11,80 bilhões para o ano. Nesta cifra, estão R$ 4,7 bilhões a mais esperados via pagamento de dividendos pelas estatais que, no ano, chegariam a quase R$ 22 bilhões.
Menor gasto com pessoal
O relatório do Ministério do Planejamento e do Tesouro indicou ainda uma queda de R$ 830 milhões nas despesas com pessoal, para R$ 179,13 bilhões, neste ano. Previu ainda R$ 1 bilhão a menos no repasse complementado pela União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), para R$ 9,3 bilhões.
No documento de reavaliação, o governo revisa para baixo a estimativa de deficit para a Previdência Social, para R$ 34,6 bilhões, contra R$ 36,82 bilhões, que era apontado no documento anterior.
PIB mais tímido
O governo reduziu ainda de 4,5% para 3,8% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. No documento, o governo também elevou a previsão de inflação deste ano de 5,8%, para 6,4% pelo IPCA.
"Alteração dos parâmetros reflete a atualização das projeções dos índices de preço, com a ampliação da projeção do IPCA para 6,4%, e a deterioração do cenário externo, que tem repercussões tanto sobre a taxa de crescimento real do PIB, reduzida para 3,8%", informou o governo no documento.