Economia

Governo conta com alta de 0,25 ponto na Selic na 4ª

O governo trabalha com um cenário de uma alta de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros, menor do que a esperada pelo mercado


	Copom: se a expectativa for confirmada, a Selic, que hoje está em 14,25%, subirá para 14,50%
 (Agência Brasil)

Copom: se a expectativa for confirmada, a Selic, que hoje está em 14,25%, subirá para 14,50% (Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2016 às 22h27.

Brasília - O governo trabalha com um cenário de uma alta de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic), menor do que a esperada pelo mercado, na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para esta terça-feira, 19, e quarta-feira, 20.

Se a expectativa for confirmada, a Selic, que hoje está em 14,25%, subirá para 14,50%.

A cúpula do PT promete reagir e fazer duras críticas ao governo, caso os juros subam.

A presidente Dilma Rousseff conversou hoje com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, mas a reunião não constou da agenda oficial. Tombini está sob forte pressão política e enfrenta divisões na diretoria do Banco Central sobre o efeito do aumento da Selic.

Dirigentes e parlamentares do PT dizem, nos bastidores, que a recessão e o desemprego vão se aprofundar se a política monetária continuar nesta toada. Para auxiliares de Dilma, porém, comentários assim podem causar "efeito contrário", porque o Banco Central tende a mostrar total autonomia na próxima reunião, para dar um sinal de que não cede a pressões do PT.

No Palácio do Planalto, assessores da presidente também estão divididos sobre a eficácia da alta dos juros, mas há quem diga que um ligeiro aumento pode, sim, ter efeito sobre o combate à inflação e as expectativas de ajuste da economia.

A Executiva Nacional do PT vai se reunir no próximo dia 26, em Brasília, para avaliar o cenário político e econômico. Agora, há no partido quem defenda até mesmo a saída do presidente do Banco Central - considerado um contraponto ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa -, caso os juros voltem a subir.

Tombini entrou na mira do PT e virou uma espécie de Joaquim Levy, alvejado por várias correntes da sigla. Então ministro da Fazenda, Levy foi bombardeado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por vários petistas até cair, em dezembro. Para Lula, ele estava com "prazo de validade vencido" porque "só falava em ajuste fiscal" e se recusava a apontar uma "direção de crescimento" ao País.

"A presidente Dilma disse que está preocupada, mas ela tem de passar da preocupação à ação. Num ambiente de desemprego e angústia social, não podemos aceitar o aumento dos juros", afirmou o secretário de Formação Política do PT, Carlos Henrique Árabe. Em conversas reservadas, dirigentes do partido dizem, ainda, que a queda do emprego e da renda pode ser fatal para a legenda neste ano de eleições municipais.

"No Brasil, o mandato do Banco Central está exclusivamente centrado no combate à inflação e sem preocupações com o nível de atividade e emprego. Incorporar a questão social e do emprego requer a utilização de outros instrumentos de política monetária para a obtenção simultânea destes objetivos", diz um trecho do documento "Por um Brasil Justo e Democrático", produzido pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT.

O texto destaca que o aumento dos juros, a longo prazo, pode causar a "desindustrialização" e "estagnação" da economia, como o "consequente flagelo" do desemprego. "Nessa situação, se o governo pretende construir um melhor caminho para a travessia, não pode deixar de rever a sua política de juros comandada pelo Banco Central e dar início o quanto antes à sua redução", observa o documento.

Acompanhe tudo sobre:CopomEstatísticasGovernoIndicadores econômicosJurosSelic

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto