George Osborne: a reforma bancária mais dura ao Parlamento coincide com a péssima reputação que o mundo das finanças tem entre a população britânica. (Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2013 às 16h04.
Londres - O governo britânico, que apresentou seu projeto de reforma bancária pressionado pelo Parlamento e a opinião pública, ameaçou os bancos, nesta segunda-feira, a separar a atividade comercial da de investimentos se não respeitarem as novas regras, uma decisão criticada pela City.
O ministro das Finanças, George Osborne, escolheu a sede do banco norte-americano JP Morgan em Bournemouth, em Dorset (sul da Inglaterra) para apresentar seu projeto, ao mesmo tempo que o texto chegou à Câmara dos Comuns.
"Minha mensagem aos bancos é clara: se um banco descumprir as regras, o regulador (o Banco da Inglaterra) e o Tesouro poderão realizar uma 'separação total' das atividades comerciais e de investimento", declarou o chefe do Exchequer, que espera que a lei seja votada no máximo no começo de 2014.
"Não vamos repetir os erros do passado (...) vamos nos adiantar e nos armar", acrescentou. "Os britânicos precisam saber as lições que aprendemos".
"Nosso país pagou um preço mais alto que qualquer outra grande economia, porque nosso sistema bancário estava muito mal. A raiva que a população sente é muito real", insistiu Osborne, se referindo aos milhões de libras desembolsadas por Londres para salvar os bancos por causa do estouro da crise financeira em 2008-2009.
"Basta de recompensas para as quebras. Basta de 'grande demais para quebrar'. Chega de contribuintes pagando os erros alheios", disse o ministro.
Após pedir que o consenso alcançado nos dois últimos anos não seja desfeito, Osborne acabou aceitando endurecer a reforma após a publicação, no final de dezembro, do relatório da comissão parlamentar sobre as regras bancárias, criadas após o escândalo da Libor.
O projeto inicial, baseado nas conclusões da Comissão Vickers, previa compartimentar em 2019 as atividades dos bancos comerciais e de investimentos, que contariam com dirigentes próprios e com uma gestão de riscos separada, mas continuariam pertencendo à mesma entidade.
Contudo, a comissão parlamentar pediu ao governo para ir mais longe e pediu a "eletrificação" dos setores, incluindo na lei a possibilidade de separar as atividades se essa divisão for insuficiente.
A chegada desta reforma bancária mais dura ao Parlamento coincide com a péssima reputação que o mundo das finanças tem entre a população britânica.
Depois do Barclays e do suíço UBS, o Royal Bank of Scotland, que foi resgatado com dinheiro público do contribuinte, pode ser condenado a pagar uma forte multa por ter manipulado a taxa interbancária Libor. Um assunto que serviu de "catalisador" para a mudança necessária no setor bancário, segundo Osborne.
Contudo, se o ministro prometeu que a City de Londres continuará sendo o "centro mundial das finanças", os banqueiros britânicos são muito críticos com seu projeto de reforma.
"Isso vai criar incerteza para os investidores e tornar mais difícil para os banqueiros encontrar capital, o que significará que os bancos terão menos dinheiro para emprestar às empresas", disse Anthony Browne, diretor geral da associação de banqueiros britânicos BBA.