Economia

Governo bloqueia R$8,2 bilhões em gastos e reduz orçamento dos ministérios

O relatório não inclui previsão do impacto nas despesas do aumento salarial dos servidores públicos além dos R$ 1,7 bilhão já previstos anteriormente

REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)

REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de maio de 2022 às 17h48.

O governo anunciou nesta sexta-feira, 20, um bloqueio de mais R$ 8,2 bilhões no Orçamento da União deste ano para acomodar no limite do teto de gastos novas despesas que apareceram nos últimos dois meses.

Em março, o governo já tinha feito um bloqueio no Orçamento de R$ 1,7 bilhão. Com o bloqueio adicional de R$ 8,2 bilhões, o total de verbas que devem ser remanejadas chega a R$ 9,9 bilhões.

Entenda como as decisões da Câmara e do Senado afetam seu bolso. Assine a EXAME.

O teto de gastos é a regra que atrela o crescimento das despesas à inflação. A necessidade de bloqueio consta em relatório bimestral enviado ainda nesta sexta-feira ao Congresso com avaliação de despesas e receitas.

Apesar da pressão de categorias do funcionalismo, o relatório não inclui previsão do impacto nas despesas do aumento salarial dos servidores públicos além dos R$ 1,7 bilhão já previstos anteriormente.

O valor não é suficiente para atender a proposta de dar 5% um reajuste linear a todos os servidores do Executivo federal, com custo estimado em R$ 6,3 bilhões para este ano. O presidente Jair Bolsonaro ainda não anunciou oficialmente a medida.

LEIA TAMBÉM: Ampliar limite de faturamento do Simples custaria R$ 66 bi, diz Receita

Na quinta-feira, 19, Bolsonaro confirmou que o governo federal precisaria cortar R$ 10 bilhões dos ministérios para abrir espaço no teto de gastos com despesas extras. "Apareceu de despesa extra essa semana, entre precatórios, Plano Safra e abono, mais R$ 10 bilhões. Da onde virá esse dinheiro? Desse Orçamento. Temos que chegar nos ministérios e cortar R$ 10 bilhões", afirmou, durante live transmitida nas redes sociais na noite de quinta-feira.

Bolsonaro disse que, caso fosse formalizado o reajuste salarial de 5% ao funcionalismo público, seria ainda necessário cortar mais R$ 7 bilhões em despesas.

LEIA TAMBÉM: Projeto de ICMS pode tirar R$ 70 bi de estados e municípios, diz estudo

De acordo com o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 2º bimestre, o bloqueio anunciado nesta sexta-feira foi necessário para permitir o pagamento de R$ 4,8 bilhões de sentenças judiciais, para liberar R$ 2 bilhões para o ProAgro, para liberação de R$ 1,1 bilhão para o Plano Safra 21/22, para a liberação de R$ 1,2 bilhão para o Plano Safra 22/23, além de reduções e outras variações de R$ 900 milhões.

A proposta de aumento de servidores, no entanto, sofre resistência de algumas categorias, que argumentam que o porcentual não repõe as perdas salariais decorrentes da inflação. As carreiras policiais argumentam que Bolsonaro já tinha se comprometido com um plano de reestruturação, que prevê um aumento maior para os agentes federais.

"A gente se esforça para dar reajuste, eu sei que pequeno, para servidores. Vou pedir para meu pessoal se encontrar com sindicatos de servidores e chegar a acordo (sobre reajuste). Se alguém me disser de onde tirar recurso, dou 10%, 15%, 20% de reajuste. Se bater martelo de 5%, a gente vai ver como é que ficam (demandas de reestruturação)", declarou Bolsonaro, na quinta, ao se referir também sobre a proposta de reestruturação das carreiras da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e agentes penitenciários, rechaçada por outras categorias.

Outra opção é equiparar a carreira da Polícia Rodoviária Federal à Polícia Federal e dar um reajuste maior aos agentes penitenciários, com custo mais baixo de R$ 400 milhões. Segundo o Painel Estatístico de Pessoal, o salário de um agente da PRF vai de R$ 9,9 mil a R$ 16,5 mil enquanto a remuneração de um agente da PF vai de R$ 12,5 mil até R$ 18,6 mil. Já os agentes do Departamento Penitenciário Nacional ganham entre R$ 5,6 mil a R$ 10,3 mil.

LEIA TAMBÉM: Entenda qual o impacto da alta de taxas de juros para a economia global

Projeções

A projeção da equipe econômica para as receitas primárias totais da União neste ano passou de R$ 2,118 trilhões para R$ 2,167 trilhões. Já a estimativa para a receita líquida - livre de transferências para os governos regionais - passou de R$ 1,686 trilhão para R$ 1,722 trilhão neste ano.

Do lado das despesas primárias, a previsão de gasto total em 2022 passou de R$ 1,753 trilhão para R$ 1,787 trilhão. Com as revisões deste relatório, volume de gastos obrigatórios passou de R$ 1,621 trilhão para R$ 1,632 trilhão, enquanto as despesas discricionárias passaram de R$ 131,3 bilhões para R$ 155,2 bilhões neste ano.

A Economia alterou ainda a estimativa de rombo nas contas públicas em 2022 para R$ 65,5 bilhões. No relatório bimestral de março, a estimativa era de déficit primário total era de R$ 66 905 bilhões.

A meta de resultado primário do Governo Central (que inclui contas de Estados e municípios) deste ano é de saldo negativo de até R$ 170,5 bilhões.

(Estadão Conteúdo)

LEIA TAMBÉM: Ecorodovias apresenta única oferta e vence leilão de sistema Rio-Valadares

Acompanhe tudo sobre:GovernoGoverno BolsonaroOrçamento federal

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo