"A Argentina tem sido um problema permanente. Temos boas relações políticas, mas, economicamente, é difícil lidar com eles", afirmou (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 09h31.
Nova York - O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que o Brasil vai avaliar o impacto das novas normas comercial da Argentina. Em entrevista à Dow Jones, Pimentel manifestou descontentamento com as restrições cada vez maiores da Argentina ao comércio.
"A Argentina tem sido um problema permanente. Temos boas relações políticas, mas, economicamente, é difícil lidar com eles", afirmou o ministro.
A partir de fevereiro, os importadores argentinos terão de obter aprovação prévia da autoridade tributária do país antes de fazer qualquer compra no exterior. A presidente Cristina Kirchner, que iniciou seu segundo mandato no mês passado, assinou uma série de medidas protecionistas, entre elas a expansão da lista de produtos sujeitos ao demorado procedimento de licenciamento prévio para importação, bloqueios informais à importação de uma série de produtos, de bonecas Barbie a queijos franceses, e a obrigação de que as empresas equiparem suas importações com exportações de igual valor.
"Temos um superávit comercial de cerca de US$ 6 bilhões com a Argentina. Eles têm superávits com o resto do mundo, mas não com o Brasil", disse Pimentel. Ele acrescentou que não tentará negociar com o governo argentino até que as novas medidas entrem em vigor.
O Banco Central da Argentina projeta para este ano um superávit comercial de US$ 8,9 bilhões. Investidores têm tirado dinheiro da Argentina, por causa do temor de que o governo desvalorize o peso a um ritmo mais forte, para ajudar os exportadores. Segundo Pimentel, caso isso aconteça, não será um problema para o Brasil, tendo em vista o tamanho do superávit comercial do País com a Argentina.
Sobre medidas em estudo pelo governo do Brasil para estimular as exportações de produtos industrializados, Pimentel disse que a ideia é oferecer novos instrumentos de crédito que permitam aos exportadores brasileiros conquistar fatias maiores de mercados na África e mesmo em países latino-americanos onde há uma concorrência intensa por parte de produtos chineses.
O ministro também disse que as "guerras cambiais" "ainda estão vivas", à medida que a China continua a controlar rigidamente sua moeda e depois de meses de relaxamento quantitativo da política monetária dos EUA. Para Pimentel, a política cambial da China, que estabelece diariamente uma banda de negociação para o yuan, provoca instabilidade no mercado global de moedas. Ele acrescentou que a China não administra sua moeda "de uma maneira transparente".
Pimentel afirmou ainda que o Brasil provavelmente não seguirá o mesmo caminho da China, porque "desvalorizar sistematicamente uma moeda não é maneira de prosperar".