Economia

Governo argentino deve reduzir impostos de farelo de soja

Atualmente, os embarques de farelo e óleo de soja estão sujeitos a um imposto de 32%, uma decisão tomada pelo grupo político que comanda o país há 12 anos


	Plantação de soja: a indústria esmagadora de soja da Argentina opera atualmente com capacidade ociosa de cerca de 30 por cento, disse o executivo
 (Ty Wright/Bloomberg)

Plantação de soja: a indústria esmagadora de soja da Argentina opera atualmente com capacidade ociosa de cerca de 30 por cento, disse o executivo (Ty Wright/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 14h51.

Buenos Aires - O governo que tomará posse na Argentina na próxima semana reduzirá impostos para exportação de farelo e óleo de soja, entre outras medidas que darão apoio ao setor industrial do país que é o maior exportador global desses dois produtos, disse o presidente da Câmara Agroexportadora da Argentina (Ciara-CEC), Alberto Rodríguez, em entrevista à Reuters.

O presidente eleito Mauricio Macri já prometeu baixa em cinco pontos percentuais por ano no imposto de 35 por cento das exportações de soja em grãos, mas o presidente da Ciara-CEC disse que o mesmo vai acontecer com o impostos para os embarques de farelo e óleo.

"Nós conversamos. No caso da soja, a mesma proporção que se reduzirá (o imposto de exportação) para o grão, se reduzirá para o óleo e o farelo", disse Rodríguez, presidente da associação que reúne processadores e exportadores de grãos e derivados do país.

Atualmente, os embarques de farelo e óleo de soja estão sujeitos a um imposto de 32 por cento, uma decisão tomada pelo grupo político que comanda o país há 12 anos.

Uma fonte próxima do futuro ministro da Agricultura, Ricardo Buryaile, não confirmou nem negou a informação, após questionamento da Reuters.

O setor agropecuário em geral está em conflito há anos com a presidente Cristina Kirchner devido a suas políticas intervencionistas, que incluem impostos e restrições às exportações de grãos, dois pontos que Macri já prometeu modificar.

"Acreditamos que também serão adotadas outras medidas relacionadas, como o tema da admissão temporária de soja, que vai nos permitir melhorar o uso da capacidade, que hoje tem ociosidade importante", destacou Rodríguez.

A indústria esmagadora de soja da Argentina opera atualmente com capacidade ociosa de cerca de 30 por cento, disse o executivo.

A Argentina colheu em 2014/15 uma safra recorde de 61,4 milhões de toneladas de soja, volume que poderá crescer na atual temporada 2015/16.

O setor pede há anos que sejam suspensas as restrições para importar temporariamente soja de países como Paraguai, Brasil, Bolívia ou Uruguai, em momentos em que, por motivos sazonais, a indústria depara-se com baixos estoques para processamento.

"As medidas necessárias para melhorar a competitividade do setor não são demasiadamente complexas. Tem havido um acúmulo de medidas distorcivas e eu estou otimista de que essas medidas serão alteradas ou removidas em um prazo relativamente curto", disse Rodríguez.

Na quarta-feira, executivos da Abiove, associação que representa as indústrias de soja no Brasil, disseram que em 2016 a maior concorrência para os grãos nacionais virá da Argentina --muito mais do que dos EUA--, devido à previsão de um afrouxamento nas medidas governamentais impostas sobre o setor exportador do país vizinho.

Acompanhe tudo sobre:AgriculturaAmérica LatinaArgentinaCommoditiesSojaTrigo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto