Dyogo Oliveira: "o valor do salário mínimo não é uma decisão do governo federal, que apenas aplica a lei que está em vigor" (Mario Tama/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de janeiro de 2018 às 11h36.
Última atualização em 23 de janeiro de 2018 às 11h41.
Brasília - O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse nesta terça-feira, 23, que o governo não vai revisar o salário mínimo deste ano em função do reajuste programado ter ficado aquém da inflação de 2017.
Segundo o ministro, a lei de reajuste do salário mínimo prevê que pequenas variações possam ocorrer, sendo compensadas no ano seguinte.
"O valor do salário mínimo não é uma decisão do governo federal, que apenas aplica a lei que está em vigor. O reajuste é aplicado no dia primeiro de janeiro, mas a inflação oficial do ano anterior só é divulgada alguns dias depois. Então, o reajuste sempre é feito em cima de projeções", explicou o ministro, depois de entrevista concedida à rede estatal de TV NBR.
Dyogo lembrou que o reajuste em 2017, por exemplo, ficou um pouco acima da inflação de 2016 e agora ficou um pouco abaixo. "Isso vem sendo feito todos os anos. A própria lei prevê que se pode compensar essas pequenas diferenças."
O salário mínimo deste ano é de R$ 954, um pouco acima do valor de 2017, que era de R$ 937. A elevação no mínimo em 2018 fixada pelo governo foi de 1,81%, a menor desde a criação do Plano Real e abaixo do resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que subiu 2,07% no ano passado.
Neste mês, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), ligado à Força Sindical, ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar o reajuste. Nos cálculos da entidade, o salário mínimo deveria ser fixado em R$ 958 este ano.
A ação pede revisão imediata do valor, sob pena de causar prejuízo de R$ 52 ao ano a cada trabalhador. O salário mínimo também é o valor de cerca de dois terços das aposentadorias no País.
O ministro do Planejamento disse também nesta terça que o governo não trabalha com a hipótese de não aprovação da reforma da Previdência.
"A quantidade de recursos do governo é limitada. Quanto mais se gasta com a Previdência, menos se pode investir em outras áreas, como Saúde e Educação, e menor será o repasse a Estados e municípios para investimentos", afirmou, à TV NBR.
Após a entrevista, ao ser questionado sobre o peso dos militares no rombo da Previdência e o fato da categoria não estar na reforma, Oliveira respondeu que o governo irá negociar mudanças na aposentadoria das forças armadas, após a votação da proposta que está no Congresso. "Os militares têm uma situação diferenciada, porque eles sempre têm que estar à disposição do País", afirmou.