Economia

Flexibilização do drawback deve reduzir custos, diz Godinho

O "drawback" é regime que permite zerar tributos na importação ou na aquisição no mercado doméstico de insumos utilizados na produção de bens a serem exportados


	Indústria: alteração libera as indústrias de fazerem a segregação de estoque
 (Getty Images)

Indústria: alteração libera as indústrias de fazerem a segregação de estoque (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2014 às 17h12.

Brasília - O governo atendeu um pleito antigo da indústria e flexibilizou a utilização do chamado "drawback suspensão", um regime que permite zerar os tributos na importação ou na aquisição no mercado doméstico de insumos utilizados na produção de bens a serem exportados.

A principal mudança deve gerar uma redução no custo de produção das empresas, disse à reportagem o secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Godinho.

A alteração libera as indústrias de fazerem a segregação de estoque entre as peças compradas com isenção de tributo e usadas na linha de produção para exportação e aquelas utilizadas para fabricação de produtos que serão vendidos no mercado interno.

Pelo processo atual, uma montadora, por exemplo, precisa informar ao governo o número de série da peça adquirida com o benefício tributário e o número de série do automóvel no qual ela foi incorporada.

Essa vinculação do insumo ao produto final gera a necessidade de a empresa manter estoques separados.

Com a publicação nesta terça-feira, 03, da portaria 1.618, da Receita Federal e da Secretaria de Comércio Exterior, as mercadorias adquiridas com suspensão de tributos podem ser substituídas por outras, "idênticas ou equivalentes, nacionais ou importadas, da mesma espécie, qualidade e quantidade, importadas ou adquiridas no mercado interno sem suspensão do pagamento dos tributos incidentes".

Serão reconhecidas como equivalentes os insumos classificados no mesmo código (NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul).

A portaria também permite que as empresas apresentem laudos técnicos para todo o processo produtivo e assinado pelo engenheiro responsável pela produção.

Atualmente, a indústria precisa apresentar um laudo para cada processo de drawback, assinado por alguma empresa independente.

As novas regras serão retroativas aos processos realizados a partir de 28 de julho de 2010, ano em que a lei prevendo essas mudanças foi aprovada. A regulamentação, no entanto, veio somente agora.

Godinho garantiu que, apesar da flexibilização no uso do drawback, o governo não perderá os mecanismos de controle.

Ele afirmou que o sistema é muito importante no processo de industrialização do país e para agregação de valor.

Cerca de 25% das exportações (US$ 58 bilhões) realizadas em 2013 ocorreram dentro desse regime. De janeiro a julho deste ano, foram embarcadas para o mercado externo US$ 30 bilhões de mercadorias com insumos desonerados.

Os números do ministério mostram que 50% dos manufaturados e 25% dos semimanufaturados exportados estão incluídos em processo de drawback.

No setor automotivo, 67% dos automóveis e 61% dos veículos de carga que vão para o exterior usam os incentivos tributários na produção.

Além disso, 69% das vendas externas de químicos e 50% dos embarques de plásticos ocorrem sob o regime de drawback.

Segundo Godinho, para cada US$ 1 importado com isenção de tributos, US$ 6 são exportados pelo Brasil.

A portaria também traz uma alteração para a modalidade isenção, destinado à reposição de matéria-prima, na quantidade e qualidade equivalentes à importada anteriormente, com pagamento de tributos, e utilizada na industrialização de produto exportado.

A partir de agora, a empresa poderá informar que a operação está sob o regime de drawback após o embarque da mercadoria.

Hoje, ela tem que fazer essa comunicação antes da exportação.

Godinho disse também que será lançado até o final do ano o sistema eletrônico para pedido de drawback isenção.

Hoje tudo é feito por meio papeis que são entregues no Banco do Brasil. Com a nova plataforma, o secretário acredita que aumentarão as solicitações.

"Os pedidos de drawback isenção estão abaixo do potencial porque o processo é mais difícil", disse.

Considerado um instrumento importante para a indústria, o governo quer dar mais publicidade ao regime.

A partir de outubro, antecipou Godinho, o ministério passará a divulgar mensalmente os dados de utilização do drawback para incentivar o uso do benefício por mais empresas.

Acompanhe tudo sobre:Comércio exteriorImportaçõesImpostosLeão

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto