Economia

Gasolina puxará IPCA de dezembro, dizem economistas

Consultoria Rosenberg & Associados estima que IPCA deve acelerar da taxa de 0,54% registrada no mês de novembro

Preços de gasolina, álcool e diesel vistos na placa de um posto de combustível, ao lado do tráfego na praia de Copacabana no Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)

Preços de gasolina, álcool e diesel vistos na placa de um posto de combustível, ao lado do tráfego na praia de Copacabana no Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2013 às 12h25.

São Paulo - A consultoria Rosenberg & Associados estima que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve acelerar da taxa de 0,54% registrada no mês de novembro, anunciada nesta sexta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para 0,81% em dezembro.

O economista Fernando Parmagnani justificou a projeção de avanço do índice dizendo que, no próximo mês, entrará na conta o reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobras no dia 29 de novembro. "Isso pode adicionar 0,11 ponto porcentual no IPCA", disse.

Parmagnani observou que dezembro deve ser impactado pelos reajustes de energia elétrica, água e esgoto, além do cigarro. O economista disse ainda que os grupos Vestuário e Alimentação devem acelerar em razão da sazonalidade de fim de ano. "Por questão de safra, também pode haver impacto maior do etanol no índice de inflação."

A Rosenberg esperava alta de 0,59% do IPCA em novembro, ante o 0,54% divulgado pelo IBGE. Parmagnani destacou a queda do grupo Alimentação, de 1,03% em outubro para 0,56% em novembro. "No caso das carnes, a taxa de variação recuou de 3,17% para 0,92% entre os dois períodos." A Rosenberg espera que o IPCA encerre 2013 em 5,8%.

Já para a economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro, a queda no preço dos alimentos em novembro foi uma surpresa e deve impactar nas estimativas para a inflação de dezembro e também do fechamento de 2013. "Ainda estamos com a projeção de 0,76% para dezembro e de 5,8% para o fim do ano, mas devemos dar uma lapidada para baixo nas projeções para mês e para o ano", afirmou. A consultoria esperava alta de 0,60%.


A principal diferença veio da alimentação em domicílio, diz ela. "Dentro de alimentação em domicílio tivemos alguns movimentos mais intensos de desaceleração, como carnes, que passou para 0,92%. No IPCA-15 tinha sido de 2,34% e em outubro os preços haviam registrado alta de 3,17%. Foi uma boa desaceleração, mais forte de que imaginávamos", disse.

Para dezembro, segundo Alessandra, a projeção de 0,76% leva em conta o reajuste nos combustíveis e também a possibilidade de aumento no preço no cigarro. "Já houve reajuste do cigarro na região Norte, Nordeste, Centro-Oeste e no Rio de Janeiro. Estamos esperando o reajuste para São Paulo. É um peso importante que faz toda diferença para dezembro", explicou.

A economista destacou ainda que chama atenção o índice de difusão do IPCA, que ainda é alto. Ou seja, a disseminação da alta dos preços dentro dos itens do IPCA. "A pressão dos preços é generalizada, o que é ruim. Ainda que o resultado de novembro tenha vindo um pouco abaixo do esperado, o índice de difusão gera um pouco de desconforto para o início de 2014", afirmou. Em novembro, o índice de difusão foi de 68,2%, contra 67,7% em outubro.

Alessandra ressaltou que a inflação de serviços ainda se mantém em um nível elevado e pressiona negativamente os preços para o ano que vem. "A inflação de serviços, com exceção de passagem área, que é muito volátil, está resistindo. Terminou 2012 em 8,4% e agora, em 12 meses, está em 8,5%", disse.

Segundo ela, os preços dos serviços mostram força ainda. "Parou de subir, mas ainda está num patamar alto. É um motivo de desconforto e ajuda a entrarmos 2014 com um quadro não muito favorável", reforçou. Para 2014, a consultoria ainda trabalha com expectativa de inflação de 6%.

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisEstatísticasGasolinaIBGEIndicadores econômicosInflaçãoIPCA

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto