Economia

Gás de cozinha sobe em nove estados, mesmo com redução de preços da Petrobras a distribuidoras

Levantamento da ANP mostra que queda anunciada pela estatal em meados de maio não compensou alta do ICMS nesses estados. Promessa de botijão abaixo de R$ 100 só ocorreu em quatro

Segundo o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Mato Grosso do Sul registrou a maior alta no preço, de 18,57% (Pedro Ventura/agencia brasilia/Divulgação)

Segundo o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Mato Grosso do Sul registrou a maior alta no preço, de 18,57% (Pedro Ventura/agencia brasilia/Divulgação)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 31 de maio de 2023 às 14h03.

Mesmo com a redução de 21,4% no preço do gás de cozinha (GLP) anunciada pela Petrobras no dia 16 de maio, os consumidores estão pagando mais caro pelo produto em nove estados. Segundo o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Mato Grosso do Sul registrou a maior alta no preço, de 18,57%, em relação a última semana de abril. Em seguida, aparecem Rondônia (6,90%) e Sergipe (4,64%).

O levantamento mostra que o corte no valor do gás para as distribuidoras foi em parte neutralizada pela nova alíquota do ICMS, que passou a ser fixa desde 1º de maio e não mais em percentual do preço. Desde então, é cobrado R$ 1,2571 de ICMS por quilo.

De acordo com levantamento do Sindigás (que reúne as distribuidoras do setor), com a mudança no sistema de tributação, o valor médio do ICMS cobrado sobre o gás de botijão de 13 kg no país passou a ser de R$ 16,34, maior que a média cobrada antes, de R$ 14,60.

Com a queda no valor do GLP para as distribuidoras, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, esperava compensar a alta do imposto. Na ocasião, disse que a expectativa da empresa era que o botijão de 13 kg caísse a menos de R$ 100 pela primeira vez desde outubro de 2021, com preço médio de R$ 99,87.

Mas apenas os consumidores de quatro estados e o Distrito Federal encontraram preços abaixo desse patamar, segundo o último levantamento da ANP, que considera o preço médio na semana de 21 a 27 de maio: Alagoas (R$ 97,48), Brasília (R$ 99,05), Espírito Santo (R$ 99,49), Pernambuco (R$ 95,02) e Rio de Janeiro (R$ 96,52).

André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), diz que esse aumento no preço do gás de cozinha pode também estar atrelado a um crescimento na demanda.

— Talvez as pessoas tenham buscado mais o produto para se antecipar ao aumento no ICMS, o que não estimulou o mercado a reduzir os preços. Com os preços mais baixos anunciados pela Petrobras na metade de maio, a ANP já deveria ter registrado alguma queda — explicou.

Gasolina deve subir também

Em 17 de maio, a Petrobras passou a cobrar R$ 2,78 por litro de gasolina às distribuidoras, o que representou uma redução de 12,57% em relação ao patamar anterior (R$ 3,18).

Mesmo assim, Braz estima ainda que a gasolina deve encarecer até 20% nas próximas semanas por conta da nova cobrança do ICMS, que começa a valer amanhã.

Em junho, o tributo passará a ser cobrado em valor, e não mais em percentual. Os estados acordaram uma alíquota fixa de R$ 1,22 por litro.

— Pelos dados da ANP, o preço médio da gasolina em abril foi de R$ 6,21. Essa redução anunciada pela Petrobras não vai chegar integralmente na bomba e deve levar a uma queda de 7% nos preços. Então, a gasolina poderia chegar a custar R$ 5,80. Só que o ICMS vai aumentar o preço em R$ 1,22 amanhã. Então, o litro vai para cerca de R$ 7,00. Comparando com os R$ 5,80 esperados, o aumento pode chegar a 20% nas próximas semanas

Acompanhe tudo sobre:GLPPreçosPetrobras

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto