Economia

Ganhos acima da inflação envolvem 97% negociações de salário

Os ganhos ficaram, em média, 2,23% acima da inflação


	Notas de 50 reais: de acordo com o departamento, esse é o melhor resultado das negociações salariais desde 1996
 (Germano Lüders/Você S/A)

Notas de 50 reais: de acordo com o departamento, esse é o melhor resultado das negociações salariais desde 1996 (Germano Lüders/Você S/A)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2012 às 17h20.

São Paulo – Os ganhos salariais reais conquistados em 97% das negociações trabalhistas no primeiro semestre deste ano devem se repetir no restante do ano prevê o coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre. Os dados e as projeções foram apresentados hoje (30) no Balanço das Negociações dos Reajustes Salariais.

Segundo a pesquisa, que levou em conta as negociações registradas no Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS) do departamento, dos 370 reajustes 97% ficaram acima da inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os ganhos ficaram, em média, 2,23% acima da inflação. De acordo com o departamento, esse é o melhor resultado das negociações salariais desde 1996.

“Os resultados do primeiro semestre foram, de certa forma, surpreendentes. Isso nos leva a constatar que não é somente o crescimento econômico que garante boas negociações”, avaliou Silvestre. O melhor resultado das negociações acompanhadas pelo Dieese havia sido em 2010, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,5%. Neste ano, as negociações acima da inflação representaram 85,1% do total. O economista estima que 2012 será encerrado com o recorde da série histórica do balanço.

Dentre os fatores que interferem nas negociações, Silvestre cita a taxa de inflação, mobilização sindical, estabilização da taxa de desemprego e crescimento da massa salarial. Ele apontou que a conjuntura deve ser ainda mais favorável às negociações. “Alguns elementos ajudam a prever um quadro positivo, como a retomada da produção industrial e repercussão das medidas que foram tomadas para impulsionar a indústria [desoneração da folha e redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)], mas que impactam na economia”.


Outra questão que indica negociações positivas no segundo semestre, na avaliação do economista, são as datas-base de grandes categorias, como os bancários, metalúrgicos, petroleiros. “São categorias faróis que possuem grande peso nas negociações”.

Na análise por setor econômico, a pesquisa mostra que a indústria e o comércio tiveram percentuais semelhantes à taxa geral. Nessas áreas, 98% das negociações resultaram em ganhos reais, sendo que em nenhuma delas houve reajuste abaixo da inflação. No setor industrial, o maior aumento real foi dado no setor de construção e mobiliário, com 3,27%. Em seguida, aparece a atividade metalúrgica, mecânica e de material elétrico, com 2,32%. No comércio, por sua vez, os trabalhadores do setor de minérios e derivados de petróleo conquistaram ganhos reais de 3,32%.

No setor de serviços, o percentual de ganhos reais cai um pouco e fica em 94%, com registro de 1,3% das negociações com reajustes abaixo do INPC. O maior percentual de correção salarial no setor de serviços ocorreu na atividade turismo e hospitalidade, com 3,93%. Seguida pelos aumentos reais para os trabalhadores de transportes (2,85%) e agentes autônomos no comércio (2,63%).

Em relação às regiões geográficas, todas tiveram aumentos reais em maior proporção. O Centro-Oeste, no entanto, merece destaque, considerando que as 32 negociações analisadas resultaram em aumentos reais nos salários. Apenas as regiões Norte e Nordeste tiveram categorias com reajuste abaixo da inflação.

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