Economia

Galípolo: sem alteração de meta fiscal ou se mudança for pequena mercado tende a reagir bem

Diretor do Banco Central ressaltou também que a arrecadação tem surpreendido positivamente, e manifestou confiança na revisão de gastos

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 15h38.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira, 22, que o quadro fiscal segue sendo um desafio no Brasil, mas o mercado pode reagir positivamente se a meta de zerar o déficit nas contas primárias não mudar ou mudar menos do que se espera.

Da mesma forma, emendou, investidores tendem a reagir positivamente se o déficit primário for inferior ao previsto atualmente pelo mercado para o ano: 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

Durante participação em evento na capital paulista da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil, Galípolo pontuou que a arrecadação tem surpreendido positivamente, e manifestou confiança na revisão de gastos - o chamado "spending reviews" - trabalhada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet. "Isso pode trazer surpresas positivas."

O diretor do BC reafirmou que a perspectiva de o governo não cumprir a meta ao resultado primário já está relativamente precificada nos ativos financeiros.

Política monetária

Ele também disse mais uma vez que, em relação à política monetária, as discussões de mercado estão mais voltadas agora a qual será a taxa da Selic no fim do ciclo de flexibilização monetária. As indicações do BC de cortes de 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) esvaziaram, na avaliação de Galípolo, as discussões sobre o ritmo de redução dos juros.

A coerência entre as decisões do Copom e as sinalizações (guidances) dadas na comunicação contribuiu, conforme avaliou Galípolo, para ancorar expectativas e, assim, reduzir a volatilidade no mercado. "Sabemos o risco do guidance, mas por enquanto ele se pagou."

Segundo o diretor de Política Monetária, a adoção de expressões como "parcimônia" na comunicação é uma forma de avisar que o BC não é movido por volatilidade. Ele assinalou ainda que não cabe ao BC discutir as justificativas apontadas pelo mercado à desancoragem das expectativas, mas sim buscar o cumprimento da meta de inflação.

Estímulos fiscais

O diretor de Política Monetária do Banco Central avaliou ainda que os impulsos fiscais que ajudaram no desempenho econômico acima das expectativas no ano passado não devem se repetir na mesma intensidade em 2024. Ainda assim, ele acredita que os estímulos do governo continuarão dando sustentação à atividade.

"Do ponto de vista do estímulo que o governo forneceu à economia em 2023, espera-se que seja um estímulo menor neste ano. Mas também permanece numa zona de sustentação da economia", comentou Galípolo.

Ele citou o reforço do Bolsa Família e a nova política de reajustes do salário mínimo entre as iniciativas que, do ponto de vista estrutural, seguirão favorecendo a demanda.

Para Galípolo, a preocupação maior está em como dinamizar investimentos privados, retraídos por conta de incertezas internacionais e juros altos, visando ganhos de produtividade para o País ter um crescimento que se sustente ao longo do tempo.

Ele lembrou que a taxa da formação bruta de capital fixo mantém-se em nível relativamente baixo há um tempo "considerável". "Esse é um ponto de preocupação e atenção", frisou o diretor do BC.

Considerou, por outro lado, que o Brasil está em posição privilegiada para capturar oportunidades abertas pela reorganização das cadeias de produção, em razão, principalmente, das vantagens competitivas do País na transição energética.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralGabriel Galípolo

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo