Joice Hasselmann: deputada viabilizou o gabinete de inteligência com a ajuda do secretário da Previdência, Rogério Marinho. (Valter Campanato/Agência Brasil)
Ligia Tuon
Publicado em 3 de junho de 2019 às 15h07.
Última atualização em 3 de junho de 2019 às 15h58.
Na guerra de versões sobre quem ganha e quem perde com a reforma da Previdência no Brasil, o governo do presidente Jair Bolsonaro criou um gabinete de inteligência no Congresso para municiar parlamentares, assessores, analistas, associações de classe e "influencers" pró-reforma.
A equipe de técnicos em Previdência, contas públicas e marketing, está instalada em uma sala anexa ao gabinete da líder do governo, Joice Hasselmann, campeã de votos para deputada na última eleição e uma das mais influentes políticas brasileiras nas redes sociais com mais de 5 milhões de seguidores.
"Nossa guerra é de narrativa, tem muita fake news sobre a previdência que precisamos combater e informar. Temos que formar gente para espalhar as informações corretas", diz Hasselman.
Com funcionamento de terças a quintas-feiras full time, não é preciso agendar horário. É chegar e tirar dúvidas, 90% delas respondidas em bate-papo com o corpo técnico para evitar que saia de lá com papéis e gráficos que serão esquecidos ou nem lidos.
Além dos esclarecimentos, o marketing entrega vídeos e artes e faz sob demanda material personalizado por região do país e até por área de interesse. A grande maioria produzida é para espalhar em grupos no whatsapp. A estratégia é usar uma linguagem acessível e personalizar as informações a serem repassadas. Um dos vídeos de maior sucesso é o "horóscopo da previdência", que pede apoio ao projeto usando humor e as características de cada signo.
A iniciativa é inédita em um país que enfrentou três reformas previdenciárias nas últimas duas décadas. Historicamente, gabinetes de inteligência são vinculados à Casa Civil, no palácio presidencial. A eleição de Jair Bolsonaro e de centenas de novos deputados, embalados pelo sucesso nas redes sociais, mudou o paradigma das relações com a sociedade.
Hasselmann e o secretário da Previdência, Rogério Marinho, viabilizaram o gabinete de inteligência. A deputada conseguiu montar uma sala e contratar assessoria de marketing e Marinho disponibilizou quatro servidores do Ministério da Economia, especialistas em regime geral, regime de servidores e impacto fiscal.
"Queremos levar informação de um tema complexo em função da desinformação sobre o tema. Tenho sido abordado de forma permanente para explicar a reforma", afirmou Marinho.
Na sua sala de trabalho, anexa ao gabinete, Hasselmann mantém em seu computador um mapa que atualiza permanentemente com o número de apoios no Congresso. Mas isso ela não mostra de forma alguma. São necessários 308 de 513 votos dos parlamentares.
"Sabemos quem está em cima do muro e quem pode mudar de ideia", disse. Perguntada como está o placar, respondeu que seria "amadorismo" divulgar a informação.