Economia

G20 negociará regulação do sistema financeiro e do comércio livre

O ministro das Finanças alemão considerou que a quebra do banco Lehman Brothers em 2008 mostrou o perigo de não haver regulação e supervisão suficiente

Ministro alemão Schäuble: um temor surgiu em parte do setor financeiro desde que o presidente americano, Donald Trump, disse que revisaria a lei Dodd-Frank (Thierry Charlier/AFP)

Ministro alemão Schäuble: um temor surgiu em parte do setor financeiro desde que o presidente americano, Donald Trump, disse que revisaria a lei Dodd-Frank (Thierry Charlier/AFP)

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EFE

Publicado em 16 de março de 2017 às 18h09.

Frankfurt - O G20 negociará na sexta-feira e no sábado em Baden Baden, no sudoeste da Alemanha, a regulação do sistema financeiro e do comércio livre, em meio à expectativa de qual será a postura dos Estados Unidos.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde; o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble, e o secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Gurría, se mostraram a favor da globalização em uma conferência em Frankfurt nesta quinta-feira.

Mas todos destacaram a necessidade de políticas que incluam as pessoas que não se beneficiaram dessa globalização para evitar o surgimento do populismo e do nacionalismo.

A conferência de Frankfurt, organizada pelo Instituto de Finanças Internacionais (IFI) e pela presidência alemã do G20, precede a reunião de ministros de Finanças e governadores de bancos centrais em Baden Baden.

Tanto o FMI como a Alemanha consideram o G20 um grupo adequado para coordenar políticas econômicas. Nem Lagarde, nem Schäuble se posicionaram claramente contra o estabelecimento de negociações bilaterais com os EUA.

Schäuble se reuniu posteriormente em Berlim com o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, e apostaram em impulsionar a cooperação internacional.

O ministro das Finanças alemão defendeu em Frankfurt que exista regulação suficiente no sistema financeiro e considerou que a quebra do banco de investimento americano Lehman Brothers em setembro de 2008 mostrou o perigo de não haver regulação e supervisão suficiente.

De acordo com Schäuble, "é perfeitamente correto revisar a regulação". Além disso o ministro das Finanças alemão considerou muito alto o custo de não haver suficiente regulação.

Um temor surgiu em parte do setor financeiro desde que o presidente americano, Donald Trump, disse que revisaria a lei Dodd-Frank, com a qual seu antecessor Barack Obama respondeu à crise financeira após a quebra do Lehman Brothers.

A lei Dodd-Frank representa uma mudança profunda no sistema financeiro dos EUA, em Wall Street, e pretende reduzir novas crises econômicas como a que se originou no país em 2007, a maior desde a Grande Depressão, por uma regulação financeira deficitária, assim como proteger o consumidor.

O FMI também reconheceu a necessidade de coordenar a regulação do sistema financeiro internacional dado o elevado grau de conexão entre as regiões.

Alguns dos assuntos que serão negociados são os requerimentos de capital mínimos exigidos aos bancos para enfrentar seus riscos e a separação de bancos comerciais e de investimento.

O Bundesbank disse que as negociações sobre a regulação dos bancos estão paradas porque os negociadores americanos não concretizaram ainda suas posições.

"Realizar uma desregulação com a esperança de estimular a economia pode ter o efeito indesejado", advertiu o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, na quarta-feira.

Lagarde reconheceu que "a liberdade de movimento de bens, capital e pessoas foi muito beneficente" e concordou com Gurría e Schäuble ao dizer que é preciso trabalhar em políticas nacionais dirigidas aos que ficaram fora desses benefícios da globalização.

Há muitas razões para defender o comércio internacional aberto, mas para que funcione é necessário que as políticas econômicas a favor da globalização impulsionem uma repartição mais equitativa e ampla, segundo Gurría.

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