Economia

G20: guerras comerciais põem economia mundial em risco

"Mais importante, as tensões comerciais e geopolíticas se intensificaram", afirmou o G20

Donald Trump e Xi Jinping: conflito entre EUA e China segue preocupando (Saul Loab/AFP)

Donald Trump e Xi Jinping: conflito entre EUA e China segue preocupando (Saul Loab/AFP)

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AFP

Publicado em 9 de junho de 2019 às 13h22.

Última atualização em 10 de junho de 2019 às 11h24.

Os ministros das Finanças e os responsáveis pelos Bancos Centrais dos países do G20 admitiram, neste domingo (9), no Japão, que as tensões comerciais pioraram, o que coloca a economia mundial em risco.

Após 30 horas de debate - ocorrido em um "clima tenso", segundo um dos presentes -, o G20 divulgou um comunicado final, reconhecendo que "o crescimento permanece baixo e os riscos de piora permanecem" para a economia global.

"Mais importante, as tensões comerciais e geopolíticas se intensificaram", afirmou o G20 em um texto, ao qual a AFP teve acesso, no qual diz que continua "pronto para tomar novas ações", se necessário.

Em uma espécie de acordo promovido por Washington, o comunicado evitou certas referências presentes nas primeiras versões, que falavam de "uma necessidade urgente de resolver as tensões comerciais".

O texto resume dois dias de discussões em Fukouka, no oeste do Japão, nos quais também se debateu a polêmica questão de cobrança de impostos sobre os gigantes de Internet, como Google e Amazon.

"Redobraremos nossos esforços para uma solução consensual com um relatório final para 2020", completou o G20, que buscará modificar o sistema tributário internacional para corrigir o vazio legal existente com essas empresas que faturam milhões de dólares e são criticadas por suas práticas de "otimização fiscal".

Para além deste "consenso", as diferenças entre Estados Unidos e seus sócios voltaram a ficar claros nesta reunião.

França e Reino Unido insistem em agir em nível global com este tipo de imposto e já apresentaram a ideia no plano doméstico. Já o governo de Donald Trump tem outra opinião sobre o assunto.

"Devo dizer que os Estados Unidos têm preocupações importantes" sobre estes impostos, afirmou o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, dando, de qualquer modo, "crédito" para Paris e Londres porque "criaram a urgência de tratar da questão".

"Embora não me agradem, aprecio o interesse por estas questões", comentou.

Posições convergentes

Mais do que este imposto sobre os gigantes de Internet, a preocupação dos ministros e dos presidentes de Bancos Centrais reunidos em Fukuoka se concentrou nas guerras comerciais em curso: entre Estados Unidos e China, por um lado, e México e EUA, por outro.

Segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), as tarifas impostas por Washington e Pequim, incluindo as que estão em vigor desde o ano passado, podem reduzir o PIB mundial em 0,5%, em 2020.

Antes da reunião do G20, a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, fez deste tema a "prioridade absoluta" do encontro, pedindo aos países-membros que mantenham uma política monetária que apoie a atividade econômica.

"A principal ameaça" para a economia mundial "vem das persistentes tensões comerciais", declarou Lagarde neste domingo, ao final do encontro, falando de "tímidos sinais de estabilização" em uma "rota" que "continua sendo precária".

Diante dessa advertência sobre o impacto da guerra comercial na economia global, os Estados Unidos acreditam que, se sua ofensiva contra a China terminar em um acordo, será positivo para todos.

"Sim, há um desaceleração na Europa, na China e em outras partes. Mas não acho que esta desaceleração observada em várias regiões do mundo seja uma consequência das tensões comerciais", disse Mnuchin, ontem, à imprensa.

Ele acrescentou que, se Donald Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, conseguirem chegar a um acordo comum na cúpula do G20 prevista para final de junho em Osaka, "será muito positivo para o crescimento econômico, para nós, para a China, para a Europa, para o resto do mundo".

O ministro japonês Taro Aso, que presidiu a reunião, alertou, por sua vez, sobre a "erosão da confiança dos mercados, se a incerteza persistir" nas negociações entre as duas potências mundiais.

Em conversa com a AFP, seu homólogo francês, Bruno Le Maire, foi ainda mais longe: "o risco de ver esta desaceleração econômica mundial se transformar em crise econômica mundial, devido às tensões comerciais, é um risco real e cada um tem que avaliar isso".

"Uma guerra comercial terá sobre nossa economia, sobre nossa vida cotidiana, sobre nossos empregos um impacto direto negativo que nós queremos evitar completamente", insistiu.

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