Economia

Fux defende ‘ajustes’ em regras sobre bets, que devem ir a julgamento no STF no início de 2025

Corte realiza audiência pública sobre impactos das apostas online

STF avalia ajustes nas regras para apostas online no Brasil (Andressa Anholete/Getty Images)

STF avalia ajustes nas regras para apostas online no Brasil (Andressa Anholete/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 11 de novembro de 2024 às 21h27.

Tudo sobreApostas esportivas
Saiba mais

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira, 11, que a Corte deve julgar, ainda no primeiro semestre de 2025, a ação que discute os impactos das apostas online. Segundo ele, são necessários “ajustes” nas regras sobre as bets.

O ministro, relator da ação, disse que pode adotar algumas providências jurídicas para a proteção da população brasileira mais vulnerável.

“Os problemas que foram aqui aventados, relativos às comunidades carentes, aos problemas mentais e aos outros graves problemas que foram destacados, leva-nos à ideia de que este julgamento tem que ser urgente”, afirmou Fux.

Segundo o relator, as posições apresentadas por diversas partes durante a audiência reforçam a necessidade de ajustes na legislação vigente.

“Ficou bem claro que precisa de um ajuste bastante imediato. Então eu vou conversar com os Poderes, vou também analisar o conjunto das informações e aí vamos avaliar se, antes do julgamento do mérito, que deve ocorrer no primeiro semestre de 2025, há necessidade da denominada providência de urgência”, apontou.

Regulação das Bets

A Lei das Bets foi aprovada em 2023 pelo Congresso e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela abrange apostas virtuais, apostas físicas, eventos esportivos reais, jogos online e eventos virtuais de jogos online. A legislação estabelece critérios de tributação e normas para a exploração do serviço.

Durante a audiência pública, o secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Anderson Dudena, defendeu a lei e destacou que a regulação é o melhor meio de presença do Estado na atuação dos jogos eletrônicos no Brasil.

“A demanda pelo serviço é real, e uma eventual declaração de inconstitucionalidade da lei apenas direcionará brasileiras e brasileiros a um mercado ilegal, inseguro e com efeitos nocivos como fraude, lavagem de dinheiro e a exploração dos apostadores, que tendem a agravar, potencializando problemas de saúde mental e financeira, como superendividamento”, afirmou Dudena.

Na visão dos representantes das loterias, sem as previsões legais e restrições estabelecidas pela legislação, os apostadores poderiam migrar para apostas ilegais, o que favoreceria a criminalidade.

“A Lei Federal 14.790/2023 (que autorizou as bets) consiste em legítima opção política normativa do Poder Legislativo na regulamentação de uma atividade. E a cada dia se mostra mais relevante e indispensável para o cumprimento dos objetivos fundamentais da República, como o desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e a construção de uma sociedade justa e solidária”, disse Hazenclever Lopes Cançado, representante da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj).

 Impactos sociais

Já a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, manifestou-se contra as apostas e alertou para os impactos negativos das apostas online, especialmente em comunidades vulneráveis. Segundo ela, o país está “permitindo a instalação de um cassino no bolso de cada brasileiro”.

A discussão sobre os efeitos sociais das apostas e a possibilidade de ajuste das regras deve avançar até o julgamento previsto para o início de 2025. O tema traz à tona a complexidade da regulamentação das apostas e a necessidade de equilibrar interesses econômicos com as medidas de proteção social.

Acompanhe tudo sobre:Apostas esportivasLuiz Fux

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor