Economia

Futuro mais verde é possível — mesmo com Trump, diz The Economist

"A marca populista de Trump da 'América em primeiro lugar' não fará nada para ajudar o planeta, mas nem precisa ser a catástrofe que muitos temem"

Energia renovável (Thinckstock)

Energia renovável (Thinckstock)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 27 de novembro de 2016 às 11h37.

Última atualização em 27 de novembro de 2016 às 11h43.

São Paulo - A vitória de Donald Trump nas eleições americanas causou uma leva de projeções negativas em relação aos esforços mundiais de combate às mudanças climáticas. Não é difícil entender.

Contrariando as esmagadoras evidências científicas, o republicano negou repetidas vezes a contribuição humana para o problema e chegou a dizer que a mudança climática é um “conceito” criado pela China para sabotar a indústria americana.

Ao longo de sua campanha, prometeu ainda boicotar o acordo internacional do clima criado ano passado em Paris para combater o aquecimento global.

No entanto, para surpresa mundial, nesta semana, o novo presidente eleito disse ter uma "mente aberta" sobre o acordo de Paris e que há "alguma conectividade" entre a atividade humana e as mudanças climáticas.

Não está claro se essa aparente mudança de postura vai refletir na prática política do republicano. Seja como for, nem tudo está perdido. Apesar de Trump, o caminho para um futuro mais verde ainda está em aberto, tanto para os EUA quanto para o mundo, afirma a revista The Economist em editorial de sua nova edição.

"A marca populista de Trump da 'América em primeiro lugar' não fará nada para ajudar o planeta, mas nem precisa ser a catástrofe que muitos temem", diz a revista, que elenca algumas razões que são suporte a essa tese.Em solo americano, há limites para o alcance que Donald Trump espera dar aos combustíveis fósseis, por uma simples questão de mercado.

"Ninguém vai perfurar um poço, a menos que seja rentável fazê-lo. Isso exige que os preços do petróleo sejam substancialmente mais elevados do que são agora", avalia a revista.

O texto lembra que o gás de xisto desbancou o carvão no país muito mais pela redução dos preços da nova fonte do que pelas regulações do governo Obama.

Há ainda a possibilidade dos investidores apostarem que, daqui a quatro aos, os políticos sucessores de Trump divergirão dele no quesito energia, o que não seria estranho, tendo em vista que os investimento no setor perduram por décadas.

O interesse comercial e o interesse próprio também manterão outros países no caminho da descarbonização, segundo a publicação. A China, por exemplo, não tem poupado esforços para combater a poluição, sua principal mazela ambiental e de saúde pública, e a substituição de fontes fósseis poluentes por energia solar e eólica é um caminho inevitável.

A Índia também precisa investir em infraestruturas robustas para lidar com os impactos de cheias e tempestades mais fortes e frequentes, sob pena de perder fortunas em prejuízos.

Em paralelo às pressões ambientais e climáticas crescentes, as tecnologias limpas e fontes renováveis tornam-se cada vez mais atrativas e competitivas.

No ano passado, pela primeira vez, a energia renovável superou o carvão como a maior fonte de geração de energia do mundo (embora o gás natural continue a ser um complemento importante para as energias renováveis).

A publicação finaliza destacando que China, Índia, União Européia, Canadá e outros têm fortes incentivos para adotar tecnologias mais limpas. "Se eles trabalham juntos, eles podem fazer a diferença - com ou sem os Estados Unidos".

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