Economia

Futuro dos juros divide especialistas

Dados recentes da economia brasileira embaralham as previsões sobre o tamanho ideal do aperto monetário

Meirelles e os diretores do Copom têm a missão de calibrar os juros (.)

Meirelles e os diretores do Copom têm a missão de calibrar os juros (.)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2010 às 09h38.

São Paulo - Embora a maioria dos analistas aposte em mais uma alta de 0,75 ponto percentual nos juros básicos na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) nesta quarta-feira (21), as opiniões são divergentes quanto ao ajuste total da política monetária necessário para trazer a inflação de volta ao centro da meta (de 4,5% neste ano e em 2011).

Vários indicadores divulgados recentemente apontam para um desaquecimento da economia brasileira após um primeiro trimestre chinês. Dados da indústria, do varejo, de inflação e até do Banco Central mostram que a atividade econômica já não cresce num ritmo alucinante, o que, em tese, afasta graves riscos inflacionários.

Ainda assim, a maioria dos analistas destaca a necessidade de mais um ajuste de 0,75 ponto porcentual (repetindo a mesma dose das duas reuniões anteriores) neste encontro do Copom - a Selic passaria de 10,25% para 11% ao ano. "Não vamos crescer a taxas chinesas no segundo semestre, pois houve antecipação do consumo gerada pelos incentivos fiscais", diz André Sacconato, economista da Tendências Consultoria, que prevê duas altas de 0,75 ponto ( em julho e em setembro) e mais uma de 0,5 ponto (em outubro), fechando o ano em 12,25%.

O economista da Gradual Investimentos André Perfeito também aposta em mais uma alta de 0,75 ponto percentual nesta semana, mas não vê motivos para um aperto tão grande nas próximas reuniões. "Mais uma elevação de meio ponto em setembro e o ciclo está encerrado. Seria elegante o Banco Central não mexer nos juros em outubro por causa das eleições", diz Perfeito. Com essas previsões, a Selic encerraria o ano em 11,50%.

O sócio-diretor da RC Consultores Fábio Silveira diz que ainda é cedo para avaliar se a economia brasileira está em processo de simples acomodação ou forte desaceleração. Porém, com base nos dados recentes de atividade e inflação, ele acredita que o Copom já poderia reduzir o ritmo nesta reunião, com uma alta de meio ponto. "E, no máximo, outra de 0,25 ou meio ponto em setembro", afirma Silveira.

Os analistas ouvidos pelo site EXAME não trabalham com um cenário de duplo mergulho da economia europeia e descartam impactos relevantes na economia brasileira gerados pelo processo eleitoral.

EmpresaSelic/Copom (21 de julho)Selic/Copom (1º de setembro)Selic no final de 2010PIB 2010PIB 2011IPCA 2010
Tendências Consultoria0,75 ponto0,75 ponto12,25%6,6%4,6%5,4%
Gradual Investimentos0,75 ponto0,50 ponto11,50%6,9%4,5% a 5,0%5,4%
RC Consultores0,50 ponto0,25 ou 0,50 ponto11% ou 11,25%6,5%3,5% a 4,0%5,0%
Fonte: Instituições Financeiras | Elaboração: EXAME.com

 

Leia mais: Mercado reduz projeção para inflação em 2010

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomInflaçãoJurosMercado financeiroPolítica monetáriaPreços

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo