Keiko Fujimori: Fujimori havia defendido a medida anteriormente como algo necessário para aprovar reformas econômicas (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2016 às 11h51.
Lima - Dezenas de milhares de peruanos marcharam contra Keiko Fujimori, líder das pesquisas para a eleição presidencial, na terça-feira, aniversário do gesto autoritário mais infame de seu pai na Presidência, o que a obrigou a suspender eventos de campanha antes da votação de domingo.
Os manifestantes entoavam "Nunca mais!" e diziam que um voto para a postulante de centro-direita seria um voto para o ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre uma pena de 25 anos de prisão por abuso de direitos humanos e corrupção cometidos durante seu governo, entre os anos 1990 e 2000.
Pelo menos 30 mil pessoas participaram do protesto em Lima --um sinal da oposição acirrada que pode tornar Keiko vulnerável em um eventual segundo turno.
Projeções mostram que Keiko deve ficar com a maior parte dos votos na eleição de 10 de abril, mas não a maioria que precisaria para vencer de imediato.
Muitos manifestantes desdenharam a promessa recente de Keiko de jamais repetir o "autogolpe" cometido por seu pai no dia 5 de abril de 1992, quando ele ordenou que os militares fechassem o Congresso e interveio nos tribunais.
Fujimori havia defendido a medida anteriormente como algo necessário para aprovar reformas econômicas.
"Não acredito nem um pouco nela", disse Rodolfo Lazo, universitário de 19 anos que pintou as palavras "Sou jovem mas não sou idiota" na camiseta.
Os manifestantes também criticaram o comitê eleitoral do país por inocentar Keiko das alegações de ter violado uma lei contra a compra de votos ao mesmo tempo em que desclassificaram dois adversários bem posicionados na disputa. "Júri Nacional de Eleições, Vergonha Nacional!", dizia um cartaz.
Ainda na terça-feira, Keiko cancelou suas aparições públicas e pediu a seus apoiadores para suspenderem as atividades de campanha antes de comícios que estavam programados para acontecer em várias cidades.
Seu partido clamou por tolerância no Twitter e publicou fotos de escritórios de campanha de várias cidades cobertos por faixas com os dizeres "Chega de Violência".
A manifestação em Lima foi pacífica. Protestos menores fora da capital terminaram em confrontos, e oponentes atiraram ovos em Keiko durante eventos de campanha.
A marcha de terça-feira foi o maior protesto político em Lima desde as grandes manifestações contra Alberto Fujimori em 2000, quando ele tentava iniciar um terceiro mandato após eleições amplamente vistas como fraudulentas.