Fraudes em apostas esportivas têm origem em vazamentos de dados (krisanapong detraphiphat/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 17 de outubro de 2024 às 21h07.
Entre brasileiros que realizaram alguma aposta no último ano, apenas um em cada dez afirma ter sido vítima de golpe. Esse número, no entanto, triplica entre os apostadores frequentes, com 31% relatando fraudes, conforme apontado pela pesquisa da Serasa Experian. Vazamento de informações pessoais e bancárias e acessos indevidos a contas estão entre os problemas mais comuns.
Entre aqueles que já foram vítimas de fraudes em sites e aplicativos de apostas, um quinto relatou o uso de suas informações pessoais para a criação de contas. Pedro Moreno, gerente executivo de Prevenção à Fraude da Serasa Experian, destacou que esse cenário de fraudes se assemelha às práticas do setor bancário.
“É um movimento de fraudes muito parecido com o que a gente vê em telefonia e bancos”, avalia Moreno.
“No caso dos bancos, a criação de contas com dados alheios são as chamadas ‘contas laranjas’, quando uma pessoa abre uma conta no banco e vende para fraudadores cometerem crimes, como receber dinheiro do golpe do Pix. A causa e o uso nas casas de apostas são diferentes, mas a fraude é similar.”
O vazamento de dados foi a fraude citada por quase metade dos entrevistados. 28% afirmaram que as informações de cadastro foram usadas em outros sites e aplicativos, enquanto 20% apontaram o vazamento de dados financeiros. O acesso indevido a contas é mencionado por 34% dos apostadores.
“O principal golpe é o uso indevido de dados e a invasão de contas, pois uma prática comum no mercado de apostas é a venda de contas negativadas”, explica Moreno.
“Apostadores compram contas com perdas, pois a taxa de ganho tende a ser maior. Eles buscam contas negativadas porque a chance de retorno é maior.”
O levantamento da Serasa Experian, realizado em agosto, entrevistou 2.008 pessoas que fizeram apostas em sites ou aplicativos nos últimos 12 meses. Metade dos entrevistados afirmou desconhecer as regras de regulamentação.
O estudo aponta que o retorno financeiro é a principal motivação para mais da metade (54%) dos brasileiros das classes C e D que apostam em bets. Entre os mais ricos, o percentual é de 34%. Além disso, 10% dos brasileiros de renda menor veem a atividade como um investimento.
A regulação proíbe que publicidade promova as apostas como meio de enriquecimento ou investimento. Em todas as classes, a maior parcela (47%) aposta pelos prêmios, enquanto apenas um quarto joga por lazer.