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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Paris - A França rejeitou retomar as negociações entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, suspensas desde 2004, porque colocam no banco dos réus a agricultura francesa e europeia, segundo um comunicado do ministério francês da Agricultura e da Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia Nacional (deputados).
"A Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia Nacional expressou uma opinião desfavorável sobre o descongelamento das negociações entre a União Europeia e os países do Mercosul para a conclusão de um acordo de livre comércio", indicou um comunicado dessa comissão nesta quinta-feira.
Ao anunciar a posição da França ante a retomada das negociações entre os dois blocos, o ministério francês da Agricultura indicou que "a União Europeia não pode levar adiante negociações que correm o risco de colocar no banco dos réus a agricultura francesa e europeia".
A pasta dirigida por Bruno Le Maire recorda as "concessões agrícolas" que a UE ofereceu em julho de 2008 para "alcançar um acordo multilateral global, equilibrado e recíproco" dentro da Rodada de Ronda de Doha sobre a liberação do comércio mundial. Essas "concessões iam beneficiar em especial os países do Mercosulr", assegurou.
"Tal como a Comissão disse na ocasião, ir mais além ameaçaria os próprios fundamentos da Política Agrícola Comum" (PAC), acrescentou no mesmo comunicado.
Na terça, Comissão Europeia anunciou o relançamento das negociações para um Acordo de Associação com os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), suspensas desde 2004.
"Bruxelas está convencida de que um eventual acordo trará benefícios econômicos claros tanto para a União Europeia (UE) como para o Mercosul" e, por isso, decidiu retomar as negociações, informou em um comunicado.
As conversas haviam sido interrompidas em 2004, porque subordinadas à Rodada de Doha para a liberalização do comércio mundial, também paralisadas na Organização Mundial do Comércio (OMC).
No entanto, os contatos entre a UE e o Mercosul se intensificaram nos últimos meses reforçando a eventual retomada das negociações, coincidindo com a presidência espanhola do bloco neste semestre, que há havia manifestado interesse em destravar o processo.
O anúncio de Bruxelas ocorre duas semanas antes de uma cúpula em Madri entre os europeus e a América Latina, durante a qual ocorrerá uma reunião paralela, no dia 17 de maio entre a UE e o Mercosul.
Fontes da comunidade europeia explicaram à AFP que o relançamento das negociações poderá oficializar-se durante esse encontro, com a possibilidade de uma primeira reunião "antes do verão" do Hemisfério Norte.
No entanto, as negociações se mostram longas e árduas, especialmente em aspectos chave como a agricultura. Os subsídios que os agricultores europeus recebem da Política Agrícola Comum (PAC) são criticados pelos países do Mercosul, que afirmam que essas ajudas penalizam seus produtos.