Economia

França pede o fim de negociações comerciais entre UE e EUA

Nos EUA, o presidente, Barack Obama, enfrenta uma dura batalha no Congresso para passar um outro acordo comercial importante, a Parceria Trans-Pacífico


	UE: na Europa, os políticos das maiores potências econômicas do bloco, França e Alemanha, encontram-se sob o fogo para apoiar as negociações com os EUA
 (Getty Images)

UE: na Europa, os políticos das maiores potências econômicas do bloco, França e Alemanha, encontram-se sob o fogo para apoiar as negociações com os EUA (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2016 às 15h06.

Paris - O ministro do Comércio da França, Matthias Fekl, pediu um fim às negociações comerciais entre a União Europeia (UE) e os EUA, um firme sinal de que a oposição na Europa ainda deseja o que seria um dos mais ambiciosos acordos comerciais em décadas.

Fekl disse que usaria a ocasião de uma reunião de ministros do Comércio no final de setembro para pedir à Comissão Europeia, o braço executivo da UE, para acabar com as negociações sobre a Parceria de Comércio e Investimento Transatlântico, geralmente conhecida como TTIP.

"A França não apoia politicamente estas negociações", disse Fekl nesta terça-feira a uma rádio francesa. "Os americanos não estão nos dando nada", acrescentou. "Não é assim que aliados devem negociar".

Os comentários de Fekl ressaltam como o ceticismo com a liberalização do comércio está crescendo em ambos os lados do Atlântico, alimentados por críticos que dizem que as ofertas tendem a diminuir os salários domésticos, ameaçam a proteção regulamentar e minam a identidade nacional.

Nos EUA, o presidente, Barack Obama, enfrenta uma dura batalha no Congresso para passar um outro acordo comercial importante, a Parceria Trans-Pacífico.

Os candidatos Donald Trump e o senador Bernie Sanders reforçaram suas posições durante a corrida presidencial, opondo-se fortemente aos acordos comerciais, colocando pressão sobre a candidata democrata Hillary Clinton ao adotar uma postura mais cética.

Na Europa, os políticos das maiores potências econômicas do bloco, França e Alemanha, encontram-se sob o fogo para apoiar as negociações com os EUA. Marine Le Pen, chefe do partido de direita Frente Nacional da França, tem repetidamente atacado o presidente francês, François Hollande, por concordar em lançar as negociações, colocando pressão sobre ele para reverter o curso.

Nesta terça-feira, Hollande também lançou dúvidas sobre o futuro das negociações, chamando os resultados até agora de "desequilibrados".

Não está claro como o resto da Europa iria reagir ao pedido da França para parar as negociações. A comissão tem um mandato dos 28 Estados membros do bloco para prosseguir com as negociações. É necessário que todos os membros da UE aprovem o negócio para concluir as negociações.

O acordo visa eliminar quase todas as tarifas e reduzir a burocracia reguladora que atua para limitar o comércio, estabelecendo o que seria efetivamente uma vasta zona de livre comércio trans-Atlântico.

Mas as negociações se arrastam há mais tempo do que o esperado, enquanto os temores persistem na Europa de que o negócio exigiria a região para aceitar tecnologias apoiadas pelos EUA, tal como as culturas biotecnológicas, que a maioria dos europeus se opõe. Fonte: Dow Jones Newswires.

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