EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2012 às 15h44.
Bruxelas - Os ministros das Finanças da União Europeia não conseguiram chegar a um acordo sobre um mecanismo de supervisão bancária para a zona do euro, e decidiram voltar a se reunir no dia 12 de dezembro, indicou nesta terça-feira um ministro europeu.
"Creio que nos aproximamos de um acordo", declarou o ministro cipriota Vassos Shiarly, cujo país assumiu a Presidência temporária da UE.
"Mas ainda resta vários problemas a resolver", admitiu, no entanto.
Dessa forma, os ministros das Finanças da UE se reunião novamente em 12 de dezembro, indicou a Presidência cipriota.
A Espanha se aliou à França para defender a rápida criação deste supervisor único para os bancos europeus, "peça fundamental" para a recapitalização direta do setor financeiro, contra Alemanha, Suécia e Reino Unido, que querem mais um tempo para solucionar questões técnicas.
Contudo, as maiores diferenças foram entre os 17 países da zona do euro e os outros dez da UE, que não querem ficar fora.
"A união bancária é fundamental para dissipar todas as dúvidas sobre o futuro da união monetária", informou o ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, um dia após o Eurogrupo aprovar o desembolso de 39,5 bilhões de euros para o setor financeiro espanhol, último passo do procedimento para recapitalizar os bancos do país.
Com o supervisor único, sob a égide do Banco Central Europeu (BCE), a zona do euro poderá iniciar a recapitalização direta dos bancos ameaçados, sem que a injeção de capital aumente a dívida pública dos países afetados.
De Guindos acredita que, no momento, isso não é um problema para a Espanha já que insiste que o empréstimo da zona do euro para sanear os bancos equivale a 3,5% do PIB espanhol, o que é administrável.
"Para a Espanha esse não é o ponto fundamental, já que temos uma solução encaminhada para nossos bancos", afirmou De Guindos.
"Nós não focamos, neste aspecto, os interesses concretos de um país, mas sim os interesses do conjunto", acrescentou.
Parece difícil, contudo, que os europeus entrem em acordo para a criação deste mecanismo destinado a evitar uma crise similar à que afeta a Europa desde 2010.
Nesse sentido, o ministro sueco Anders Borg esclareceu nesta terça-feira que "há um longo caminho a percorrer" antes de se chegar a um acordo.
A Suécia, junto com a Alemanha e o Reino Unido, é um dos países da União Europeia que impôs mais obstáculos à criação rápida deste mecanismo. Cada um defende seus interesses e acredita que deve haver um supervisor único, mas sob certas condições, e insistem que ainda há tempo para continuar realizando reuniões até que um consenso seja alcançado.
Enquanto Berlim acredita que a supervisão do BCE deve se concentrar unicamente nos grandes bancos e nos que representam um risco para o conjunto da economia, e não em seus bancos regionais, França e Espanha tentam aprovar um sistema que se aplique ao conjunto de 6.000 bancos europeus.
Outro assunto que preocupa o Reino Unido é solucionar o papel do BCE no cerne da Autoridade Bancária Europeia (EBA).
Se o BCE, cumprindo seu papel de supervisor único, votar em nome dos 17 na EBA, com sede em Londres, os dez países que não pertencem ao euro temem ficar em minoria, levando em conta que as decisões são votadas por maioria qualificada.
O Reino Unido, onde está o maior mercado financeiro da Europa, não está disposto a ceder nenhuma vírgula neste ponto.
Resolver esses impasses é chave para o projeto de criação da união bancária europeia.
"Temos que encontrar soluções inteligentes", disse De Guindos, pedindo um acordo.
"A união bancária é um elemento e uma peça fundamental do conjunto institucional do euro e, portanto, a Espanha vai defender que seja cumprido nos prazos mais rápidos possíveis, considerando que é uma questão extremamente complicada", admitiu o ministro espanhol.
Os líderes europeus estabeleceram na última cúpula de outubro um calendário aproximado para a criação deste mecanismo, mas deixaram muitos elementos no ar: por um lado concordaram que o marco legal devia estar definido antes de janeiro de 2013, e por outro, disseram que o Supervisor Único devia estar funcionando no próximo ano.
No entanto, não especificaram quando, e nesse caso, quando será possível a recapitalização direta ao banco, fundamental para os países com economias em recessão e um alto desemprego, como é o caso da Espanha.