Exportações e importações: no ano passado, o comércio entre o Brasil e os países árabes movimentou aproximadamente R$ 26 bilhões (REUTERS/Andres Stapff)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 15h28.
Brasília – O intercâmbio comercial, os investimentos e o turismo entre o Brasil e os países árabes foram discutidos hoje (4) em um fórum econômico entre as partes.
O objetivo é fomentar o contato entre os países, superar obstáculos do relacionamento bilateral, diversificar parcerias, explorar novas áreas de atuação e manter contatos para investimentos.
No ano passado, o comércio entre o Brasil e os países árabes movimentou aproximadamente R$ 26 bilhões.
Somados, os 23 países do grupo representam a quarta maior parceria comercial do Brasil. Na Ásia, fazem parte do grupo Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes, Iêmen, Iraque, Jordânia, Kwait, Líbano, Omã, Palestina e Síria e, na África, Argélia, Djibuti, Egito, Ilhas Comores, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Somália, Sudão e Tunísia.
O superávit da conta é brasileiro, com R$ 14,7 bilhões em exportações, sobretudo de carnes, minérios e açúcar. O Brasil compra desses países derivados de petróleo, em especial, combustíveis, além de adubos e fertilizantes.
O fluxo de produtos e de investimentos entre o Brasil e os países árabes cresceu em ritmo mais acelerado do que o comércio brasileiro com o exterior em geral. Em 2001, o fluxo comercial entre o Brasil e os países árabes ficou em torno de R$ 13,9 bilhões – quase 36% menos do que o montante atual.
Essa dinâmica, segundo o especialista em negociações internacionais da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabrizio Panzini, é uma evidência da diversificação das parcerias de ambas as partes e do potencial dos mercados envolvidos.
Para ele, uma das áreas em que há muito potencial é a de produtos alimentícios, na qual pode ser agregado valor em alimentos processados. Outra fronteira de expansão são os investimentos, disse Panzini.
O especialista ressalta que a pauta comercial é reflexo da estrutura econômica dos países e diz que é mais difícil haver diversificação no curto prazo. "Os fundos soberanos desses países têm enorme volume de recursos e é interesse deles investir no Brasil.
Hoje, a maioria dos investimentos é nos setores financeiro e imobiliário", acrescentou. Segundo Panzini, os árabes podem ficar entre os cinco maiores investidores no país.
O gerente de Exportação para o Oriente Médio do Grupo JBS Friboi, Rada Saleh, considera o Norte da África área chave para as exportações de carne brasileira – um dos principais produtos da pauta comercial entre o Brasil e esta região.
Saleh informou que, de janeiro a setembro, as exportações da empresa já tinham superarado em 23% todo o montante exportado no ano passado. Desse total, 9% foram para os países do Norte da África; como a Argélia, o Egito e a Tunísia.
No sentido contrário, o Brasil investe nesses países no ramo bancário, com a abertura de filiais dos maiores bancos brasileiros (Itaú e Banco do Brasil) e na construção civil. "Temos muito espaço ainda para explorar.
Espero que possamos avançar com esse diálogo", disse o subsecretário-geral Político doMinistério das Relações Exteriores, Paulo Cordeiro.
De acordo com o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Michel Alaby, um dos principais entraves aos exportadores no Brasil é a concessão de visto aos empresários. Para ele, a facilitação dos trâmites desburocratizaria o comércio.
Outra dificuldade, apontada pelo representantes do setor privado, Rada Saleh, são as barreiras sanitárias impostas pelos países importadores, que demoram a ser resolvidas.
"Precisamos facilitar a certificação dos produtos. Temos de encontrar formas de solucionar complicações em exportação, que oneram o produtor", explicou o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), o ex-ministro da Agricultura Francisco Turra.