Henrique Meirelles: caso a previsão se cumpra, será a primeira vez que o BC terá que justificar porque a inflação ficou abaixo do objetivo (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 25 de setembro de 2017 às 09h09.
São Paulo - A expectativa de economistas para a inflação neste ano foi pela primeira vez abaixo do piso da meta na pesquisa Focus, que trouxe ainda melhora nas projeções para a economia tanto em 2017 quanto em 2018.
O levantamento divulgado nesta segunda-feira mostrou que a projeção de alta do IPCA neste ano agora é de 2,97 por cento, ante 3,08 por cento antes.
Assim, a inflação terminaria o ano abaixo do piso da meta, de 3 por cento. A meta está fixada em 4,5 por cento, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Em seu relatório de inflação divulgado na semana passada, o BC estimou alta do IPCA de 3,2 por cento em 2017 e de 4,3 por cento em 2018 pelo cenário de mercado, abaixo dos patamares de 3,3 e 4,4 por cento vistos anteriormente.
No mesmo dia, o IBGE divulgou que nos 12 meses até setembro o IPCA-15, considerado prévia da inflação oficial, ficou em 2,56 por cento, ampliando as chances de a inflação terminar este ano abaixo do piso da meta pela primeira vez.
Se isso de fato acontecer, será a primeira vez que o BC terá que justificar porque a inflação ficou abaixo do objetivo --o BC descumpriu a meta três vezes nas últimas duas décadas, mas em todos esses casos entregou a inflação acima do alvo.
Para o ano que vem, o ajuste nas contas para a inflação no Focus também foi para baixo, de 0,04 ponto percentual, chegando a 4,08 por cento.
O BC vem mantendo a postura de que adotará um encerramento gradual da flexiblização monetária depois de cortar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 8,25 por cento, e seus novos cálculos para a inflação pavimentarem o caminho para que continue cortando os juros e eventualmente leve a Selic a um nível inferior a 7 por cento.
Os economistas consultados no Focus mantiveram a projeção de desaceleração do ritmo de corte a 0,75 ponto percentual no encontro de outubro de política monetária, com a Selic terminando o ano a 7 por cento, patamar que eles veem se mantendo até o final de 2018.
Para o grupo que mais acerta as previsões, o Top-5, a taxa básica de juros fica em 7 por cento no fim deste ano, mas termina 2018 a 7,25 por cento, contas que não foram alteradas em relação ao levantamento anterior.
Para a economia, a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) melhorou para ambos os anos. Em 2017, a expansão foi calculada em 0,68 por cento, de 0,60 por cento, enquanto que para 2018 a expectativa chegou a 2,30 por cento, de 2,20 por cento.