FMI: para o Brasil, recomendou-se que se mantenha uma política monetária para acompanhar o crescimento e destacou que a "reforma da previdência é essencial" (Marcos Brindicci/Reuters)
AFP
Publicado em 15 de outubro de 2019 às 16h55.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a reduzir suas previsões para a América Latina nesta terça-feira (15), pela desaceleração de Brasil e México, o aprofundamento da crise na Argentina e o agravamento do colapso da Venezuela.
Com uma "considerável" revisão para baixo baixa, o FMI projeta um crescimento de 0,2% na região em 2019, o que significa um corte de 0,4 ponto percentual (pp) desde suas últimas previsões feitas em julho.
Para 2020, as perspectivas foram cortadas em 0,5 pp, a um nível de 1,8%, o que situa as previsões da região abaixo da média da economia mundial, que segundo o FMI crescerá 3% em 2019 e 3,4% em 2020.
"Na América Latina, a atividade desacelerou significativamente no começo do ano nas grandes economias, devido principalmente a fatores idiossincráticos", disse o FMI em seu relatório.
Já em abril a entidade havia rebaixado em 1,2 pp o crescimento regional esperado.
"A considerável revisão em baixa para 2019 reflete um corte para o Brasil, onde o fornecimento de minério prejudicou a atividade, e para o México, onde a investimento continua sendo fraco e o consumo privado desacelerou", acrescentou o Fundo no informe.
No caso do México, o FMI citou "a incerteza sobre as políticas, um enfraquecimento da confiança e um aumento dos custos dos empréstimos".
Para Brasil, o FMI recomendou que se mantenha uma política monetária para acompanhar o crescimento e destacou que a "reforma da previdência é essencial".
"Será necessária uma maior consolidação fiscal para cumprir o limite de gasto estabelecido pela Constituição nos próximos anos", disse a entidade.
No caso do México, o FMI disse que é "essencial" a adesão do governo a um plano de consolidação fiscal a médio prazo "para preservar a confiança do mercado e estabilizar a dívida pública".
O FMI projeta que o crescimento na América Latina aumentará pelo menos 1,8% projetado para 2020, mas continuará em um nível abaixo da barreira dos 3% no médio prazo por "rigidez estrutural, condições comerciais instáveis e desequilíbrios fiscais".
Para a Argentina, o FMI projetou um panorama sombrio, com um aprofundamento da crise depois da contração de 2,5% em 2018, com uma redução do PIB de 3,1% em 2019 e uma recessão que se prolongará até 2020 com uma retração de 1,3%.
"Espera-se que a economia na Argentina se contraia mais em 2019, devido à queda da confiança e condições de financiamento externo mais ajustadas", disse a entidade.
O governo do presidente Mauricio Macri chegou a um acordo com o FMI em 2018 para um crédito a três anos por aproximadamente 57 bilhões de dólares, dos quais o organismo já entregou mais de 44 bilhões.
O ajuste acelerou a alta de preços e o desemprego, em um contexto de crescente pobreza.
Do lado da inflação, o FMI também não projeta melhora, com uma alta de preços projetada em 54,4% este ano e em 51% no que vem.
Para a Venezuela, a entidade projeta uma continuidade da crise, com uma contração da economia de 35% em 2019 e de 10% em 2020.
"A profunda crise humanitária e a implosão econômica na Venezuela continua tendo um impacto devastador, com um prognóstico de que a economia se contraia em um terço em 2019", disse.
O FMI previu uma alta dos preços de 200.000% em 2019 e de 500.000% em 2020, depois de ter projetado inicialmente uma inflação de 1.000.000% para este ano.
A entidade ressaltou no relatório que realizar projeções sobre a Venezuela, incluindo avaliações da situação atual, é complicado pela "falta de diálogo com as autoridades".
"Na Venezuela, se projeta que continue o colapso que já leva vários anos, mas um ritmo menos dramático do que em 2019", disse o FMI.
Segundo o FMI, os países do Pacífico manterão um crescimento acima da média da região, com uma projeção para o Chile de uma expansão de 2,5% para 2019 e de 3% para 2020.
No caso da Colômbia, a entidade projeta um crescimento de 3,4% em 2019 e de 3,6% em 2020 e no do Peru uma expansão de 2,6% este ano e de 3,6% no próximo.