Economia

FMI reduz projeção de crescimento do Brasil e cita urgência de reformas

Taxa de 2,1% é mais otimista que a do mercado financeiro, divulgada na pesquisa Focus do Banco Central

FMI disse que é preciso consolidar a questão fiscal, com reformas como a da Previdência (Nelson_A_Ishikawa/Thinkstock)

FMI disse que é preciso consolidar a questão fiscal, com reformas como a da Previdência (Nelson_A_Ishikawa/Thinkstock)

R

Reuters

Publicado em 9 de abril de 2019 às 10h36.

Última atualização em 9 de abril de 2019 às 15h06.

São Paulo — O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a estimativa de crescimento da economia brasileira em 2019, citando a necessidade de cortes de gastos com funcionalismo público e da reforma da Previdência para conter as crescentes despesas. No entanto, o órgão melhorou a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, em meio a uma inflação em torno do centro da meta e à queda nos spreads desde outubro.

Em seu relatório Perspectiva Econômica Global divulgado nesta terça-feira, 9, o FMI cortou a projeção de crescimento do PIB em 2019 para 2,1 por cento, contra taxa de 2,5 por cento prevista em janeiro.

Para 2020, a expectativa é de que economia crescerá 2,5 por cento, contra 2,2 por cento da estimativa anterior.

Os números para 2019 estão mais otimistas que os do mercado financeiro. A mais recente pesquisa Focus, do Banco Central, mostrou que analistas e economistas esperam que o PIB cresça 1,97 por cento neste ano --quatro semanas atrás, essa estimativa era de 2,28 por cento.

Para 2020, a expectativa do mercado é de expansão de 2,70 por cento, melhor que a do FMI.

No último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o BC piorou sua projeção de crescimento do PIB em 2019 a 2,0 por cento, contra 2,4 por cento antes. Já o Ministério da Economia revisou sua estimativa para baixo em meados de março, passando a enxergar um avanço de 2,2 por cento na atividade neste ano.

"A principal prioridade (do Brasil) é conter o aumento da dívida pública, garantindo simultaneamente que as despesas sociais necessárias permaneçam intactas", diz o FMI em seu relatório.

Na visão do FMI, o teto de gastos introduzido em 2016 --que prevê uma redução da despesa de aproximadamente 0,5 ponto percentual do PIB ao ano, por uma década-- é um passo "na direção certa para facilitar a consolidação fiscal".

Mas a entidade ressaltou ser "necessário um maior ajuste logo, particularmente na forma de corte de gastos com folha salarial do setor público e com aposentadorias", visando conter o aumento das despesas e garantir programas sociais aos mais vulneráveis.

A favor do Brasil, segundo o FMI, está a inflação próxima do centro da meta, que ajuda o BC a manter uma política monetária expansionista o suficiente para estimular a demanda agregada.

Junto à reforma nas leis trabalhistas e à redução do crédito subsidiado, o Fundo Monetário Internacional considera que os esforços para melhorar a infraestrutura e a eficiência da intermediação financeira "ajudariam a elevar a produtividade e impulsionar as perspectivas de crescimento de médio prazo".

Inflação

O FMI prevê inflação no Brasil de 3,6 por cento para 2019 (4,2 por cento na estimativa de outubro) e de 4,1 por cento para 2020. O centro da meta oficial de 2019 é de 4,25 por cento e, de 2020, de 4 por cento, ambos com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Quanto ao déficit em transações correntes, o FMI estima que ele será de 1,7 por cento do PIB em 2019, ligeiramente pior que a estimativa de rombo de 1,6 por cento dada em outubro passado. Para 2020, a previsão é de déficit de 1,6 por cento.

Já para a taxa de desemprego no Brasil, a perspectiva é de que alcance 11,4 por cento em 2019 (10,7 por cento na previsão anterior), caindo para 10,2 por cento em 2020.

O FMI citou ainda o desastre com a barragem da Vale em Brumadinho (MG), em janeiro passado, como uma das causas para a valorização dos preços do minério de ferro recentemente, o que ajudou a puxar o índice do FMI para metais acima da mínima em 16 meses atingida no fim do ano passado.

O desequilíbrio fiscal do Brasil, contudo, vai pesar sobre o crescimento da América Latina no médio prazo. O FMI reduziu as projeções de crescimento da América Latina e Caribe tanto para 2019 quanto para 2020. O organismo espera que a região cresça 1,4 por cento em 2019 (0,6 ponto percentual a menos que na estimativa de janeiro) e 2,4 por cento em 2020 (queda de 0,1 ponto).

Acompanhe tudo sobre:BrasilCrescimento econômicoFMIInflaçãoPIB

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega