FMI: "O novo governo deve complementar a proposta de um teto para os gastos com medidas tributárias e resolver a rigidez das despesas" (Kim Kyung-Hoon/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2016 às 09h58.
Nova York - As condições no Brasil estão começando a melhorar e o crescimento econômico deve voltar em 2017, mas o governo precisa avançar com as reformas, afirmam os economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) em documento para a reunião ministerial do G-20, o grupo dos países mais ricos do mundo, que começa dia 23 na China.
O FMI vê espaço limitado para o Banco Central cortar juros agora e recomenda que o governo do presidente em exercício Michel Temer avance com o ajuste fiscal, incluindo com "medidas tributárias", forma usada pela instituição para sugerir aumento de impostos, e reforma na previdência.
"O novo governo deve complementar a proposta de um teto para os gastos com medidas tributárias e resolver a rigidez das despesas e mandatos insustentáveis, incluindo na previdência", afirma o documento do FMI.
No Brasil, mais de 90% do Orçamento federal é de gastos atrelados a leis e, por isso, difíceis de serem cortados.
Na reunião de primavera do FMI em Washington, realizada em abril, a instituição já havia falado que o Brasil poderia precisar de uma alta de impostos para melhorar a situação fiscal.
Além do ajuste fiscal, o FMI volta a recomendar que o Brasil faça reformas estruturais, para aumentar a produtividade e a competitividade.
Outra medida essencial é a implementação do programa de concessões, que vai provocar melhora da infraestrutura do País. Medidas como esta, ressalta o relatório, serão essenciais para aumentar o crescimento potencial do País.
O Brasil está tendo desempenho econômico significativamente abaixo do potencial, destaca o FMI, e precisa construir "amortecedores fiscais".
Mas ao falar da necessidade de avanço do ajuste fiscal, o FMI ressalta que países como o Brasil e a Itália precisam ter em mentes medidas que sejam "amigáveis ao crescimento".
O FMI alerta ainda ao falar do Brasil no documento do G-20 sobre os riscos que o aumento do endividamento das empresas traz, sobretudo porque parte dessa dívida está em moeda estrangeira.
Um cenário de menor liquidez na economia mundial ou de aumento de juros pode complicar a situação financeira dessas companhias.
O Brasil será representado na reunião do G-20 pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.